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Embrapa: estudo com genomas de ovinos pode auxiliar o Brasil no controle da scrapie

postado em 26/06/2012

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Pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das 47 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS são os responsáveis pelo maior estudo genético já realizado com ovinos no Brasil. Foram avaliados genomas de 1.400 ovinos de 13 raças, incluindo localmente adaptadas (naturalizadas) e importadas, com o objetivo de detectar a suscetibilidade à scrapie, uma doença neurodegenerativa fatal que ataca o sistema nervoso de ruminantes, sendo mais comum em ovinos.

O estudo deu origem a um artigo publicado esta semana na revista europeia Research in Veterinary Science e pode ser acessado no link: "http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0034528811002463"

De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, a scrapie foi detectada, pela primeira vez, no Brasil em 1985 em ovinos importados do Reino Unido. Em 2001, novos casos da doença ocorreram em ovinos importados dos Estados Unidos. O MAPA intensificou a adoção de medidas sanitárias para conter a disseminação da doença no rebanho nacional. Entre essas medidas, destacam-se a decisão de tornar a scrapie uma enfermidade de notificação obrigatória e a criação de um programa sanitário específico, adequado à realidade do país, que está em fase de elaboração.

Informações genéticas podem subsidiar o desenvolvimento de políticas nacionais para prevenir surtos da doença no Brasil

O estudo desenvolvido pelos cientistas da Embrapa e da UFRGS pode ser determinante para a elaboração desse programa, já que permite mapear os diferentes níveis de suscetibilidade dos animais à scrapie ao longo das principais regiões do país. Segundo os pesquisadores Samuel Paiva e Alexandre Caetano, que participaram do estudo, os ovinos podem ser classificados em altamente suscetíveis, suscetíveis ou resistentes ao desenvolvimento de doença, dependendo da combinação genética.

A proteína príon, cuja mutação, é responsável pela scrapie, é codificada por um gene chamado de PRNP e as mutações específicas desse gene estão fortemente associadas à resistência e susceptibilidade dos ovinos.

A análise dos genes realizada pela Embrapa e pela UFRGS mostrou que o grau de suscetibilidade dos animais está relacionado à combinação genética dos códons 136, 154 e 171 do gene PRNP. Ou seja, assim como uma língua é constituída basicamente por um dicionário de palavras, o código genético é constituído por códons. Entender as combinações entre os códons é o que permite aos cientistas decifrarem o código genético, assim como nós precisamos compreender as palavras para entender o significado de uma mensagem.

Além de eficiente, o método de genotipagem utilizado foi adaptado pelos pesquisadores para ser mais rápido e econômico que os convencionais. "Nós adaptamos um método rápido e robusto capaz de reduzir os custos de genotipagem em até 70%, pela redução na concentração de reagentes nas três etapas principais do ensaio (purificação ampliação, extensão de base e de limpeza final)", explica o pesquisador Alexandre Caetano. Essa redução de custos pode contribuir para o desenvolvimento de processos de genotipagem em países onde os custos de ensaio são um importante fator limitante.

Segundo Paiva, a eficiência e a economia possibilitadas pelo método facilitam a sua incorporação aos programas de conservação e melhoramento genético de ovinos no Brasil. "Nossos resultados fornecem informações sobre suscetibilidade de 13 raças ovinas à scrapie em diferentes regiões produtoras no Brasil e pode subsidiar o desenvolvimento de políticas nacionais para prevenir surtos da doença", ressalta.

Ele explica que menos de 4% dos animais analisados eram portadores dos genótipos para alta suscetibilidade à doença e pertenciam a cinco das 13 raças analisadas, incluindo três naturalizadas no Brasil, Morada Nova, Santa Inês e Rabo Largo, e duas recém-importadas: Dorper (África do Sul) e Damara (Austrália, África do Sul e outros países africanos). Por isso, além de ter que investir em políticas públicas para conter a disseminação da doença dentro do país, o Brasil precisa também fortalecer o controle/ monitoramento na importação de material genético.

Por outro lado, o estudo apontou também que, pelo menos, 40% dos animais analisados possuem genótipos de resistência à doença representando todas as raças analisadas. Isso reforça duas conclusões: a primeira é que o rebanho nacional pode responder rapidamente a um programa de seleção, caso seja necessário, e a outra indica que algumas raças localmente adaptadas podem ser usadas em programas de melhoramento genético para cruzamento com outras raças que apresentem níveis mais altos de suscetibilidade. "Ou seja, se o nosso estudo pode apoiar uma política nacional para a prevenção de scrapie, pode também servir como base para a elaboração de políticas de apoio à exportação de carne de rebanhos de ovinos brasileiros", finalizam os pesquisadores.

Mais informações sobre os cursos podem ser obtidas na página da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia pelo link: "http://www.cenargen.embrapa.br/cursos/index.html"

As informações são da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, adaptadas pela Equipe FarmPoint.

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