A CAE é uma lentivirose, ou seja, uma enfermidade infecto contagiosa degenerativa de progressão lenta, para a qual ainda não há tratamento ou cura. É causada por um vírus que utiliza o sistema de defesa do hospedeiro para se multiplicar. De forma geral, os lentivírus só afetam uma determinada espécie: BIV e JDV em bovinos, AIEV nos equídeos, FIV em felinos, SIV em símios, HIV em humanos, Maedi-Visna (MVV) em ovinos e CAEV em caprinos.
Entre os caprinos adultos, a transmissão é elevada pelo uso de agulhas, tatuadores e instrumentos cirúrgicos compartilhados sem a devida higienização. Já os animais jovens adquirem o vírus pelo colostro, ao nascer, e pelo leite da cabra. O confinamento coletivo torna o índice de contaminação ainda maior. Também há presença do CAEV no sêmen, sendo o uso de reprodutores positivos fator potencial de transmissão.
A CAE acarreta a depreciação econômica do rebanho, além de ser uma barreira sanitária para o comércio internacional e de comprometer a qualidade do leite. Em estudo conduzido na Embrapa Caprinos e Ovinos, com duração de sete meses, utilizando rebanho de 20 animais, sendo 10 negativos de CAEV e a outra metade positiva, o pesquisador Rizaldo Pinheiro verificou que o grupo infectado produziu 22% a menos de leite. O leite extraído das cabras positivas tinha menos gordura, menos sólidos totais e um número maior de células somáticas, um indicativo de mastite. Além disso, as cabras com CAE necessitaram de até 60% mais vermifugações. O controle parasitário foi feito pelo método seletivo, com uso do cartão Famacha®.
O programa integrado de manejo possibilita o controle da doença, com redução gradual da porcentagem de animais contaminados. Requer uma série de cuidados e ações permanentes e, por isso, depende fortemente do interesse do produtor. Devido à importância do controle, a Embrapa tem contribuído com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento para a definição do Programa Nacional de Sanidade de Caprinos e Ovinos (PNSCO), com incentivo a certificação gradual de rebanhos, desde a baixa porcentagem da doença até o criatórios livres do vírus.
O controle interfere no manejo do rebanho, com identificação dos animais positivos e observação dos fatores de risco e transmissão, adoção de reprodução controlada (por inseminação artificial, por exemplo), parto assistido e separação da cria ao nascer, banco de colostro de cabra negativa ou termizado por 60 minutos a 56°C, banco de leite de vaca e boas práticas de higiene. Os animais devem passar por teste laboratorial de diagnóstico e os positivos são separados. Os negativos devem repetir periodicamente o teste para confirmação da ausência do vírus.
Sintomatologia e diagnóstico
Os sintomas da CAE são nas formas artrítica, nervosa, pulmonar e mamária. Na forma artrítica, aparece o "joelho grosso": higromas (bolsas de líquido sinovial), perda de flexibilidade, dificuldade de locomoção e de articulação, emagrecimento, dor e prostração. O exame clínico indica a presença da CAE medindo o Índice Articular Clínico (IAC). Veja a tabela de IAC desenvolvida pela Embrapa clicando aqui.
Vale destacar que o exame clínico não é comprobatório. É necessário submeter o animal a exames laboratoriais.
Os sintomas nervosos são menos comuns. Quando ocorrem, o animal passa a ter dificuldade de andar, falta de coordenação motora, paralisia posterior do corpo progredindo para a parte anterior, andar em círculo, nistágmo (movimentos oculares oscilatórios, rítmicos e repetitivos), tremores, torcicolo, cegueira e depressão. Na forma pulmonar, o animal apresenta tosse, dispneia, congestão e, muito comumente, pneumonia intersticial. Já os sintomas mamários são mastite intersticial, endurecimento da glândula mamária e queda na produção de leite.
As informações são da Embrapa Caprinos e Ovinos, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
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