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Embrapa: pesquisa estuda etanol oriundo de caprinos

postado em 15/04/2010

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O etanol de 2ª geração deve ganhar nos próximos anos mais um contribuinte natural. A descoberta está ligada aos caprinos que há cerca de dois anos tornaram-se alvos de pesquisas de profissionais de Brasília e do Ceará. O Brasil não está só, e países como França (opera com cupim) e Austrália (opera com Wallaby, um canguru menor) também integram esse cenário de alternativas à produção de biocombustíveis. "O caprino ingere as folhas ou os restos de vegetação para se alimentar. No rúmen, os microorganismos degradam o alimento - processo conhecido como quebra das fibras - em unidades de glicose que é fermentada e convertida em etanol", diz Betania Quirino, pesquisadora da Embrapa Agroenergia do Distrito Federal.

Complexa, a pesquisa é desenvolvida no Ceará com caprinos da raça Moxotó. Marco Bonfim, pesquisador-chefe da Embrapa Caprinos e Ovinos do Ceará, disse que o processo é feito através de uma cirurgia. "Nós fazemos uma pequena operação, chamada fistularuminal, a qual dá acesso direto ao estômago do animal. Retiramos as enzimas, degradadas. A partir daí, torna-se possível extrair o álcool para a produção de biocombustíveis", diz Bonfim.

O procedimento é feito somente uma vez, porém, é introduzido no animal uma cânula (espécie de tampão), permanente para retirada da matéria. De acordo com o pesquisador, o bagaço da cana-de-açúcar é misturado na matéria-prima coletada. Bonfim afirmou ainda que o trabalho não é prejudicial à saúde dos caprinos. No entanto, não é qualquer raça de caprinos que faz parte do programa de pesquisa. Bonfim explicou que a raça Moxotó foi escolhida porque é nativa e se alimenta da vegetação do semiárido nordestino. Segundo o pesquisador, esses animais são mais resistentes e têm melhor alimentação, fato que influencia no rompimento da fibra.

Os bodes e cabras são conservados na própria sede da entidade, e a matéria-prima é enviada a um laboratório da Universidade Católica de Brasília (UCB), parceira dos órgãos governamentais. A Universidade de Brasília (UnB) também disponibiliza um centro para as pesquisas.

Depois da quebra das fibras, inicia-se um outro trabalho específico. Com qualquer planta que possua celulose (açúcar), conforme atesta Betania, é possível obter etanol. "Mas, para isso, tem que degradar porque é uma molécula de açúcar complexa", disse. A pesquisadora ainda completa: "Procuramos enzimas que sejam capazes de degradar as paredes das plantas liberando, então, o açúcar simples que a levedura consegue tornar em etanol".

O projeto Metagenoma apresenta um estudo diferente do já praticado. "Normalmente, os pesquisadores estudam os microorganismos através do cultivo. O Metagenoma é uma técnica independente de cultivo, a qual se extrai o DNA desses microorganismos, e a partir disso (DNA), codificamos toda informação necessária para caracterizar as enzimas", explicou a pesquisadora da Embrapa.

Segundo Betania, o processo usual de cultivo corresponde a 1% dos microorganismos da natureza. "Imagina o quanto se pode descobrir dos outros 99%? É um universo a ser explorado", completou.

O programa é inicial e, de acordo com Betania, resta caracterizar as enzimas e otimizar o processo de produção de etanol de 2ª geração. Durante dois anos, a instituição decifrou quatro modelos de enzimas. Para Bonfim, antes de comercializar, os laboratórios precisam produzir o etanol em escala industrial.

As informações são da Embrapa Agroenergia, resumidas e adaptadas pela Equipe FarmPoint.

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