A variante FecG-Embrapa, que é um alelo (em linguagem corriqueira, alelo pode ser explicado como o "endereço" do gene) natural do gene GDF9 (Growth Differentiation Factor 9) foi identificada pelos cientistas da Embrapa após estudos com marcadores moleculares desenvolvidos desde 2004. A variante FecG-Embrapa do GDF9 ocorre de forma natural nas ovelhas da raça Santa Inês, Bergamácia, Somalis, Rabo Largo e Morada Nova.
Estudos realizados no rebanho de ovinos Santa Inês da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) mostraram que esta variante pode proporcionar um aumento de mais de 50% no número de crias por ovelha em relação a ovelhas que não possuem essa característica.
Segundo o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Eduardo Melo, a descoberta da mutação foi como encontrar “uma agulha no palheiro”, visto que há cerca de 25 mil genes que codificam proteínas no DNA das ovelhas e cada gene pode ter dezenas ou até centenas de mutações que ocorrem de forma natural.
Após identificarem a alteração natural no DNA das ovelhas e comprovarem a sua relação com o aumento na taxa de ovulação e prolificidade, os pesquisadores das duas Unidades da Embrapa desenvolveram uma metodologia baseada em técnicas de biologia molecular que permite identificar de forma rápida e eficiente essa mutação em qualquer rebanho ovino.
Objetivo é transferir a tecnologia de genotipagem de ovelhas para produtores rurais
Trata-se da metodologia de genotipagem, que possibilita identificar a presença da variante FecG-Embrapa em um exame de sangue comum de forma rápida e eficiente. Com isso, como explica Melo, o produtor vai poder planejar os cruzamentos no seu rebanho de acordo com as suas estratégias e necessidades.
Essa tecnologia pode ter uma forte implicação em termos de produtividade dos rebanhos ovinos, na medida em que eleva o potencial de gestação e prolificidade das ovelhas. “De modo geral, esses animais são mono-ovulatórios, ou seja, só tem um filhote por gestação. O uso da tecnologia aumenta a chance de gestações de gêmeos”, afirma Melo.
Levando em consideração que um dos maiores entraves para a ovinocultura brasileira são os baixos índices de produtividade em consequência do fraco desempenho reprodutivo e produtivo dos rebanhos, a tecnologia desenvolvida pela Embrapa pode resultar em impactos significativos para os setores produtivos no Brasil.
O objetivo dos cientistas daqui para frente é disponibilizar o processo de genotipagem para a sociedade. Como desdobramento desse estudo, será possível transferir essa característica para outras raças que não a apresentam naturalmente.
A Embrapa espera que essas ferramentas e produtos contribuam para tornar os sistemas de produção mais eficientes do ponto de vista econômico, além dos impactos sociais, já que os maiores beneficiários serão os sistemas produtivos e agricultores familiares.
As informações são da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, adaptadas pela Equipe FarmPoint.
GILMAR TENORIO
Recife - Pernambuco - Revenda de produtos agropecuários
postado em 29/08/2013
Muito boa reportagem.