Marketing
As campanhas publicitárias e a criação de marcas foram apontadas pelos leitores como de extrema importância para a divulgação da carne no país, contribuindo para o aumento da demanda pelo produto.
Eric Storani, agrônomo e produtor rural de São Pedro/SP, acredita que "uma campanha publicitária de incentivo ao consumo seria uma alternativa e que as associações e cooperativas poderiam realizar uma campanha nacional conjunta para estimular o aumento do consumo da carne ovina". Sobre a criação de marcas, ele acredita que "corremos o risco de ficar na mão de grupos ou de um grupo restrito que cause controle no preço, favorecendo a indústria".
Para Luís Carlos da Rosa Soares, produtor de ovinos e diretor do Lacticínios Sant'Anna Ltda de Santana do Livramento/RS, temos um potencial a ser explorado. Para ele, "o que precisamos é de marketing através dos meios de comunicação para a população ter conhecimento sobre a qualidade da carne ovina".
Na mesma linha, Nei Antônio Kukla, técnico agropecuário e administrador especializado em agronegócios de Porto União/SC acredita que "um trabalho de campanhas de marketing para estimular o consumo do produto fora da época natalina ou período de Páscoa e um trabalho para acrescentar a mesma no cardápio do dia-a-dia das escolas seriam estratégias interessantes para promover o consumo". Nei também acredita que a criação de uma marca para a carne funcionaria muito bem se fosse feito um trabalho regionalizado. "A carne deve conter características locais, porém com o sotaque de carne de cordeiro de qualidade, como algumas alianças mercadológicas da carne bovina já fizeram, ou seja, criaram suas marcas regionalizadas mas enfatizando sempre o Novilho Precoce".
Elton Cléo Thíel, produtor de ovinos de Pelotas/RS, comenta sobre a utilização de selos de qualidade para a certificação. "Cito como exemplo o Conselho Regulador do Cordeiro HERVAL PREMIUM no RS, o qual já esta há 10 anos acompanhando cordeiros do campo ao abate sempre primando pela qualidade final do produto. Os cortes recebem o selo "CORDEIRO HERVAL PREMIUM" somente após rigorosa certificação, que é feita dentro do frigorífico.
Ausência de frigoríficos
Alguns leitores citaram a ausência de frigoríficos especializados no abate de ovinos como fator que contribui para dificultar o escoamento da produção e consequentemente a oferta constante de produtos. Segundo os leitores, esse fato ainda contribui com o abate informal.
Milena Hama Totake Watanabe, pós graduanda do Instituto de Zootecnia, de Nova Odessa/SP, frisa que enquanto não houver frigoríficos de abate de ovinos em diversas regiões o produtor não terá como escoar a produção. "A demanda interna pela carne ovina cresce mais a cada ano, porém faltam abatedouros legalizados para a realização do abate e venda da carne para supermercados e restaurantes."
A construção de frigoríficos especializados também foi citada por Carlos Henrique Pellizari Fernandes, proprietário e consultor de Dourado/MS. "Digo que a criação de uma marca de carne ovina, é 50% do primeiro passo. Depois bastaria criar abatedouros sem muitos entraves e um grupo de vendedores para as grandes redes".
De acordo com Marcos Lima Barbosa, produtor de ovinos de São Paulo/SP, o governo deveria criar uma taxação que desincentive a importação de carne ovina e ao mesmo tempo crie uma política verdadeira com os Estados para "incentivar as prefeituras estrategicamente localizadas para a construção de pequenos frigoríficos regionais, com uma legislação sanitária desburocratizada e ágil e administrados pelas associações regionais de criadores com apoio e gerenciamento de orgãos estaduais de formação, pesquisa e fomento da atividade".
Padronização dos produtos
De acordo com os leitores que comentaram sobre a padronização dos produtos, essa envolve toda a cadeia produtiva e é de extrema importância para estimular o consumo de carne ovina.
Diegro Magri Bernardes, médico veterinário de São Sebastião do Paraíso/MG, acredita que "os produtores não padronizam seus planteis, pois na maioria das vezes isso implica em investimentos em genética, nutrição e escala".
Luiz Eduardo Moura Castro, gerente da Le Gourmet Alimentos Ltda., de Sorocaba/SP, destaca que a padronização do produto é uma necessidade urgente e envolve toda a cadeia produtiva. "É um plano a longo prazo envolvendo indústria, produtor rural e o governo".
Para Milena Hama Totake Watanabe, os produtores precisam ser incentivados a produzir animais com os padrões estabelecidos pela indústria, e para isso "deve-se remunerar diferencialmente o produtor para cada categoria animal através da caracterização e tipificação das carcaças obtidas, assim, se o frigorífico pagar mais caro para carcaças com peso médio de 15 quilos, por exemplo, o produtor será "obrigado" a produzir animais nesses parâmetros."
Eric Storani e Alana, zootecnista de Goiânia/GO, também concordam que premiar o produto qualificado estimularia a produção e compensaria maiores investimentos.
Participe você também
Na sua opinião, o que pode ser feito para aumentar a demanda por carne ovina? Envie sua resposta no espaço abaixo, para cartas do leitor. Desde já muito obrigada.
Equipe FarmPoint
Pedro Alberto Carneiro Mendes
Fortaleza - Ceará - Consultoria/extensão rural
postado em 21/01/2010
Novamente, vem a tona a falta de frigoríficos, como gargalo no escoamento da produção e constância de oferta na produção ovina.
De nossa parte consideramos que essa afirmação só terá validade se antes de sua implantação for feita um levantamento do rebanho e PRINCIPALMENTE sua distribuição entre os produtores, ou seja, quantos animais são criados por cada produtor.
Para ilustrar nossa afirmação vamos ver um exemplo concreto vivenciado por
nós em nosso dia a dia:
Deveria ser criado um frigorífico para abate de 50 animais dia, e então fomos indicados para realizar a pesquisa de que falei anteriormente, e seu resultado
foi o seguinte:
Índices zootecnicos considerados:
. Fertilidade 80 %
. Parição 1,2 parto/ano
. Prolicidade 1,3 crias parto
. Natalidade 1,56 crias/matriz/ano
Considerados esses indices seria necessário um rebanho de 34.253 animais e como cada produtor cria em média 100 animais, será necessário organizar 343
produtores. Lembramos que foram adotados os índices de alta tecnologia recomendados pela EMBRAPA - Caprinos.
O frigorífico não foi implantado devido as seguintes razões:
. Os índices alcançados estavam bem abaixo dos preconizados.
. Dificuldade (sem uma cooperativa) de organizar os 343 produtores em torno do frigorifico.
. 100 cabeças por produtor era a média, entretanto a maioria detinha menos de 60 cabeças.
Acredito que com essas considerações possamos dar uma feição profissional a instalação de novos frigorificos pois são muitos os "fechados" nesse país.