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Enquete: são inúmeras as razões para a clandestinidade

postado em 30/10/2006

2 comentários
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O FarmPoint pesquisou a opinião dos usuários a respeito da principal causa da clandestinidade no abate de ovinos e caprinos. O resultado foi interessante, uma vez que nenhuma das opções sugeridas recebeu a maioria dos votos, resultando na categoria "outro" com a mais votada.

Confira na tabela abaixo o resultado completo da enquete:


Várias opiniões sobre o problema da informalidade foram registradas pelos usuários que participaram da pesquisa, em especial os que optaram pela categoria "outro". O motivo que mais concentrou opiniões foi o baixo preço pago pelo frigorífico ao produtor.

Essa foi a opinião do professor Edson Ramos de Siqueira, da Unesp de Botucatu. "Atribuo o fato ao baixos preços praticados, além da escassez de frigoríficos. Muitas vezes os frigoríficos ficam longe da propriedade e o que ele pagará pelas carcaças não compensa sequer o frete", afirmou.

A falta de frigoríficos foi outra razão bastante comentada. Muitos usuários atribuiram o alto índice de informalidade ao reduzido número de estabelecimentos especializados ou capacitados no abate e cortes de ovinos e caprinos. Alguns produtores de ovinos e caprinos, como João Édison Gubiani, do RS, acreditam que o abate ilegal é a opção que resta ao produtor quando não há frigoríficos certificados para realizar o abate.

Roberis Ribeiro da Silva, presidente do Instituto Brasileiro do Agronegócio Caprino e Ovino, responsabiliza a falta de fiscalização das vigilância sanitária dos municípios pela clandestinidade.

Além das causas da informalidade, alguns participantes destacaram também os problemas que ela acarreta e deram algumas sugestões no combate do problema. A produtora Maria Regina Ferretto Flores, do RS, sente no bolso as conseqüências. "Produzo de 850 a 1200 L/dia de leite de cabra, o que representa um rebanho razoável, razão pela qual decidi registrar minha marca de carne de cabrito e abato com SIF. Tenho mercado, mas poderia ter muito mais,não fosse a concorrência da carne clandestina, que não tem embalagem, impostos e serviços de abatedouro nos custos e representa ao redor de 95% da carne disponível no país", explica.

Jorge Luis de Sales Farias, do CE, foi além e comentou os problemas a nível municipal. "Infelizmente, na minha cidade, para entender o tamanho do descaso, basta saber que são abatidos em média, 30 animais/mês no matadouro municipal. Fiz uma pesquisa com as pessoas que compram couro, na qual constatei uma compra mensal de 600 couros/mês, ou seja, uma enorme diferença no número de animais abatidos e inspecionados e daqueles que são clandestinos, demonstrando falta de fiscalização."

Uma sugestão foi deixada por Gervásio Barreto de Oliveira, da BA. "Falta articulação entre produtores e entidades governamentais para construção de matadouros/frigoríficos regionais. Acredito que uma alternativa viável seria a formação de consórcios intermunicipais com recursos dos governos federal, estadual e municipais para implantação do abate com inspeção sanitária. A administração deveria ficar a cargo de um conselho administrativo", sugeriu.

"A carga tributária é, sem dúvida um obstáculo. Também creio que a falta de uma política de incentivo à abertura de micro e pequenas estruturas, que se faz necessária também para atender às associações de produtores. A saída a curto prazo seria o estreitamento da parceria entre frigoríficos e produtores para que ambos saiam ganhando na comercialização dos seus produtos", opina Ricardo Nobre, produtor de caprinos de corte na Bahia.

Dê você também a sua opinião. Participe da próxima enquete: O que mais limita o consumo de alimentos de origem caprina e ovina?

Marina A. Camargo Danés, Equipe FarmPoint

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Comentários

Pedro Alberto Carneiro Mendes

Fortaleza - Ceará - Consultoria/extensão rural
postado em 30/10/2006

Prezada Marina,

É muito interessante, como o Ceará com mais de 1.500.000 ovinos, apresenta situações tão diversas das encontradas em outras regiões, principalmente, das
regiões da Bahia "para baixo".

Realmente os abatedouros não pagam preço diferenciado por animais de boa qualidade. Por outro lado é insignificante o abate desses frigorificos com relação ao abate dia/total.

Entretanto, não vejo como organizar uma cadeia produtiva, pois o rebanho médio é de 28 cabeças por produtor. Aí entra a figura do atravessador, comprando na própria fazenda, na maioria das vezes estabelece o preço, e até paga antecipadamente.

Insisto sempre que devemos trabalhar objetivando o aumento da prolificidade sem preocupação com qualidade. Atualmente tem comércio para qualquer tipo de animal.

Walter José Verdi

São José do Rio Preto - São Paulo - Consultoria/extensão rural
postado em 31/10/2006

O grande entrave neste mercado é mais diretamente relacionado a dois fatores, que também afetam o seleto mercado de carnes nobres. São eles padrão de cortes e escala de fornecimento.

A competição de corte de ovinos, com Argentina, Uruguay e Chile, que bem lá atrás se organizaram, e produzem com facilidade estes dois aspectos, desestimulam os grandes distribuidores e players deste mercado, que acabam escolhendo o certo e desprezando o duvidoso, no caso a desorganizada cadeia produtiva brasileira. Mercado tem, mas é muito bem explorado por nossos hermanos!

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