Mantega reconheceu o agravamento da crise, que estaria entrando em sua pior fase com o reconhecimento dos prejuízos dos bancos. Mas voltou a garantir que o Brasil sofrerá poucas conseqüências. "O que nós temos que fazer é compensar esse crédito que vai faltar no exterior com crédito interno", adiantou. O ministro ressaltou, no entanto, que o Brasil não está isento da crise. Além da provável escassez de crédito, a redução no ritmo de crescimento mundial deve afetar o preço das commodities. Mas afastou o risco de contágio das instituições no Brasil.
As medidas que estão sendo cogitadas são de incentivo ao mercado interno, como o reforço nos empréstimos do BNDES destinados a investimentos nas empresas. Outro ponto discutido foi o aumento de financiamento de crédito agrícola no Banco do Brasil e em outras instituições financeiras federais. "As tradings são grandes financiadoras da agricultura, mas com essa queda do preço das commodities elas estão se retraindo", explicou.
O ministro disse que o fortalecimento do mercado interno pode ser a solução para compensar eventual redução da demanda internacional. Porém, diante do questionamento se essas medidas de expansão do crédito não seriam contrárias à ação do Banco Central (BC), que vem procurando reduzir a demanda interna através do aumento da taxa básica de juros, o ministro foi evasivo. "Eu acho que a preocupação do BC é com a inflação. Só que nós estamos vendo que a inflação está desacelerando numa velocidade muito maior do que alguns esperavam", disse.
Mesmo diante desses argumentos, Mantega preferiu não fazer nenhum prognóstico sobre o comportamento do BC na condução da taxa básica de juros, a Selic, no futuro próximo. Para encerrar, disse que a recente valorização do dólar será benéfica para o País, pois deverá favorecer as exportações. Mas antecipou que a trajetória futura da moeda americana deve ser de certa estabilidade. "Eu diria que agora houve uma correção do excesso de valorização do real, mas não acredito que vá muito mais longe", concluiu.
A matéria é de Paulo Maciel, da Agência Estado, adaptada e resumida pela Equipe AgriPoint.
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