"Há tempos não escrevo no FarmPoint, porém acredito que este assunto deve ser comentado. Nosso trabalho vem sendo realizado com um intuito principal e objetivo único, produzir cordeiros de abate de qualidade e economicamente viáveis.
Trabalho para uma empresa Neozelandesa e estive há pouco neste país por sete meses desenvolvendo soluções tecnológicas para os sistemas de produção local, o que está intimamente ligado ao melhoramento genético. E por que MG?
Esta é uma das ferramentas mais importantes quando temos por objetivo identificar os animais mais adaptados à uma determinada condição. Na NZ os animais são mantidos 100% a pasto por alguns motivos 1- Custo; 2- Qualidade das pastagens (trevos, azevéns mais de 50 espécies, aveia e outros); 3- Seleção genética para este tipo de sistema de produção; 4- Cultura Ovina! Dentre diversos outros. A condição é muito favorável e o trabalho foi feito para que este sistema seja produtivo e eficiente.
O Brasil passa por um momento peculiar na atividade, a demanda está aí, importação abastecendo nosso mercado, carne de baixa qualidade sendo vendida por cordeiro (conforme o autor do cometário ressalta muito bem), falta total de profissionalismo, não existe meta ou objetivo e tão pouco plano delineado. Nosso modelo de animal produtivo e de genética superior é o da exposição e do leilão, e este é o nosso maior engano. Na NZ os animais puros ou registrados que lideram os rankings do SIL/ACE são criados em condições semelhantes ou piores do que as dos animais de produção de cordeiros de abate, e ainda assim produzem mais!
Pensemos bem a respeito de tudo isso, pois temos muitas realidades diferentes no Brasil, acredito que no Sul do Paraná, SC e RS sim temos total condição de fazer algo muito semelhante ao que é feito na NZ. Sudeste e Centro-Oeste, devemos avaliar cada situação produtiva e avaliar friamente se não vale à pena alimentarmos cordeiros em confinamento muio bem planejado (com alto desempenho e raças especializadas para carne) e livrarmos as áreas de pastagem para as matrizes (que em minha modesta opinião devem estar sempre no pasto, o ano inteiro e para isto devemos ter o planejamento alimentar do rebano em mãos).
Nordeste devemos pensar em um sistema sustentável e que respeite as condições do meio ambiente e a expectativa do mercado consumidor com relação à qualidade. Norte, devemos pensar seriamente em um sistema de produção que respeite as condições de alta umidade e temperaturas e buscar sempre a sustentabilidade! SEJAMOS PROFISSIONAIS E NÂO BRINQUEMOS DE CRIAR OVELHAS DE BELEZA!!
Está na hora de realmente alavancar a atividade, pois o mercado está aí e nossos vizinhos têm aproveitado muito bem, levando milhões de reais todos os anos para seus países, e nós produtores de ovinos olhando tudo passar em nossa porta sem termos retorno de nossa atividade. O que devemos aprender com os Kiwis, é sermos eficientes e produtivos!"
Mariana Paganoti - Equipe FarmPoint
Daniel de Araújo Souza
Fortaleza - Ceará - Consultoria e ensino
postado em 07/01/2009
Excelente abordagem!
Abraços,
Daniel