"À medida que o melhoramento genético de vacas leiteiras aumentou muito a capacidade de produção de leite, as suas necessidades de nutrientes aumentaram proporcionalmente. Porém, não aumentou na mesma proporção a sua capacidade de consumo. Desta forma, foi necessário o aumento da densidade energética da dieta através da utilização de gorduras. No entanto, esta inclusão de gorduras é limitada, pois influencia negativamente na fermentação das fibras pelos microrganismos do rúmen.
A gordura protegida é produzida com óleo de palma nos EUA e no Brasil com óleo de soja e foi desenvolvida com o intuito de amenizar os problemas metabólicos provocados pelo balanço energético negativo em vacas de leite, quando elas diminuem a ingestão nas últimas semanas de gestação, pois contém 6,52 Mcal/kg (três vezes mais que a energia do milho) e não interfere na digestibilidade de fibras no rúmen.
Com a evolução das outras culturas, a gordura protegida começou a ser testada em bovinos de corte, caprinos e ovinos, geralmente de leite, pois além de atuar como suplemento energético, percebeu-se que é possível modificar o perfil de ácidos graxos dos produtos (carne e leite), geralmente, aumentando a concentração de ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa, como os ômegas 3 e 6 (ácidos linolênico e linoléico, respectivamente).
A reação entre o óleo e o sal cálcico utilizado, formam o que chamamos de sabão cálcico de ácido graxo, que são muito estáveis em pH ruminal, que em condições normais varia de 5,9 a 6,8, sendo digerido somente no abomaso, onde o pH é de cerca de 2,0. A digestão enzimática no abomaso desfaz a estrutura formada anteriormente, liberando os ácidos graxos que serão absorvidos pelos animais no intestino e daí para a corrente sanguínea e tecidos.
Apesar dos benefícios da gordura protegida, geralmente adiciona-se pequenas quantidades no concentrado. Depende sempre do potencial de produção de leite das matrizes, mas para pequenos ruminantes utilizam-se cerca de 40 a 80 g/cab/dia e vacas cerca de 300 a 400 g/cab/dia.
Mesmo tendo alto valor (em 2005 = R$ 1.600,00/tonelada), foi economicamente viável, aumentando a produção de leite de ovelhas em quase 13% e retorno econômico por ovelha quase 4% maior.
Os ganhos com a sua utilização são muitas vezes indiretos, como a melhora na condição corporal das matrizes, melhora dos índices reprodutivos pós parto, ganho de peso de animais em crescimento, entre outros.
Portanto, a gordura protegida é mais uma ferramenta disponível para ser utilizada estrategicamente, podendo muitas vezes melhorar o desempenho dos animais e inclusive o retorno econômico da atividade, que é o principal para o produtor."
Mariana Paganoti - Equipe FarmPoint
Paulo César Santos Oliveira
Miradouro - Minas Gerais - Técnico
postado em 14/06/2014
Boa tarde,
Em breve iniciarei o meu experimento de mestrado avaliando a inclusão de gordura protegida na terminação de ovinos santa inês X dorper, utilizando produto comercial e produto experimental a base de óleo residual de fritura. Assim que tiver os resultados, apresento aos interessados.
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