"Agradeço a todos os comentários e fico contente por podermos levantar a discussão, pois este é o objetivo do artigo.
Gostaria de responder aos comentários dizendo inicialmente que a idéia não é mostrar uma ovinocultura brasileira totalmente inoperante, pois não seria justo e tampouco verdade. Temos muitos casos de sucesso e muitos produtores que caminham neste sentido. Vários conhecidos e clientes têm comercializado bem seus produtos de qualidade a preços justos, vários têm obtido ótimos índices de desempenho e temos bons exemplos de criadores que comercializam números expressivos de reprodutores a preços adequados. Infelizmente esta não é a regra!
Não podemos responsabilizar exclusivamente os frigoríficos, governos, produtores ou criadores pela situação atual da ovinocultura brasileira. Acredito sinceramente que todos têm sua parcela de "culpa" nesta história, afinal cada um dos níveis exerce um papel específico.
Se frigoríficos não se comprometem em absorver a produção a preços justos é por que não têm fornecimento constante e de qualidade, não existe padronização dos produtos e etc. Mesmo motivo pelo qual o consumo não é regular, pois o consumidor encontra produtos de qualidade variada a cada nova compra. Assim, os criadores não têm incentivos para produzir melhor e não o faz!
Que tal cada um assumir a sua responsabilidade e cumprir o papel que lhe cabe na cadeia de produção. Produtores produzindo eficientemente (cordeiros com alto desempenho e qualidade de carcaça, e ovelhas altamente eficientes em reproduzir), se organizando em grupos para viabilizar a logística e possibilitar que profissionais competentes possam assessorá-los nos diferentes aspectos (administrativos técnicos e etc.). Criadores fornecendo reprodutores que realmente melhorem o resultado dos rebanhos comerciais. Frigoríficos remunerando os produtores de maneira justa por um produto de qualidade e garantindo a compra, contratando especialistas para auxiliar os produtores nos aspectos técnicos da produção. O governo viabilizando a estruturação da cadeia, reduzindo impostos (um dos sérios entraves), planejando o desenvolvimento, financiando e monitorando a aplicação do dinheiro, estabelecendo um programa de classificação e tipificação de carcaças, contratando profissionais competentes para desenvolver o planejamento. A pesquisa sendo direcionada pelas aspirações da cadeia, e respondendo o que realmente é importante e assim por diante.
Acredito muito na possibilidade dos próprios criadores comercializarem seus produtos diretamente, através da terceirização do abate e da habilidade de comercialização. O mercado está aí e temos exemplos de produtores tendo sucesso neste tipo de trabalho, precisa ser organizado e ter comprometimento.
Vamos em frente e que a discussão continue de maneira objetiva e que pelo menos alguns possam reavaliar suas criações e seus negócios. Só depende de nós!"
Mariana Paganoti - Equipe FarmPoint
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