"A mortalidade embrionária (ME) pode ter um impacto bastante significativo sobre a eficiência reprodutiva de um rebanho, representando uma importante perda econômica quando se considera o potencial biológico da espécie ovina e o fato de que a rentabilidade econômica da atividade é fortemente determinada pela escala de produção ou pelo número de cordeiros produzidos por unidade de área.
A maioria das perdas embrionárias ocorrem durante os primeiros dias após a fertilização e durante o processo de implantação do embrião no útero materno que se inicia nos dias 15-16 de gestação, podendo apresentar causas tanto infecciosas quanto não-infecciosas. Embora agentes patogênicos como vírus, bactérias e protozoários possam causar ME por alterar o ambiente tubárico-uterino, por afetar diretamente o embrião ou por provocar efeitos sistêmicos como febre e luteólise, as causas não-infecciosas são responsáveis por mais de 70% das perdas embrionárias existentes.
Dessa forma, fatores externos como temperatura ambiental elevada, deficiências nutricionais específicas (como vitamina A, Cu, Zn, I e Se), balanço energético negativo ou má-nutrição, estresse (transporte, manejo, dor, isolamento, etc.) e substâncias tóxicas (micotoxinas, metais pesados e compostos teratogênicos) podem afetar o desenvolvimento folicular, a qualidade do oócito, a atividade secretora e a motilidade das tubas uterinas, assim como, influenciar negativamente o metabolismo endócrino a nível de hipotálamo e ovários. Além disso, fatores relacionados à mãe ou à ovelha, como deficiência de progesterona, falhas no reconhecimento do embrião/gestação, insuficiência útero-placentária, idade e nível de endogamia no concepto podem contribuir para um aumento nas taxas de ME. As aberrações cromossômicas também são um fator crucial que determina a inviabilidade do embrião com subsequente morte do mesmo.
Alguns estudos americanos têm revelado que as perdas totais ocorridas durante o período embrionário e fetal podem chegar a percentuais ao redor de 43%, desde a ovulação até ao parto, com cerca de 28% das perdas ocorrendo antes do dia 25 de gestação, ainda durante a fase embrionária precoce.
Esses números ressaltam ainda mais os cuidados referentes ao manejo do rebanho de cria durante todas as suas fases fisiológicas, especialmente desde o período pré-concepção até o parto."
Mariana Paganoti - Equipe FarmPoint
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