"A diversificação de culturas em uma propriedade rural nos dias de hoje não é apenas uma opção, mas uma estratégia. O mercado de commodities e de outros produtos agropecuários são extremamente dinâmicos. Basta conferirmos, por exemplo, as cotações da carne bovina, alguns meses atrás os pecuaristas amargavam prejuízos e hoje a arroba tem alcançado preços recordes. O milho segue na mesma direção desde que os EUA iniciaram a produção de álcool a base de milho.
Portanto, assim como um investidor não aplica todo o seu dinheiro em uma única ação, quando o produtor rural tem mais de uma opção, a chance de manter as contas no azul são maiores, pois se um dos negócios está em crise, o outro pode estar em ascensão. Ele aumenta também o seu poder de barganha, ou seja, tem mais força na hora de negociar preços de insumos e de venda dos seus produtos, além de conseguir esperar o "nervosismo" do mercado devido a alguma crise sem passar necessidade financeira ou ter que vender seu produto em um momento desfavorável por estar precisando de dinheiro naquele momento. Com a diversificação, tem-se a opção de vender no melhor momento.
Neste contesto, a silvicultura é atualmente uma ótima opção de diversificação de investimentos na propriedade rural comum. Basta observar as notícias do cotidiano e ver, por exemplo, que o Grupo Votorantim já comprou algumas empresas e um armazém no exterior para dobrar a capacidade de produção de suco de laranja, celulose e metais. O mercado de papel e celulose, assim como a ovinocaprinocultura tem crescido muito nos últimos anos. E como ambos não exigem grandes áreas para produção para ter um resultado razoável, muitos produtores tem começado a produzir Eucalipto e Pinus ou arrendaram suas áreas para tal. Mas vale lembrar que a silvicultura é um investimento sistemático e de médio e longo prazo, pois há madeiras de menor valor, mas de crescimento rápido (cerca de 5 anos), como há outras de alto valor de mercado, mas de crescimento lento (20 a 30 anos).
A região do Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo, é uma prova da ascensão destes mercados. Os tradicionais produtores de leite da região, desde a crise do leite anos atrás, venderam suas terras, arrendaram para produção de madeira, iniciaram criações de caprinos ou de ovinos ou um sistema agrossilvipastoril.
A integração de uma atividade pecuária como a ovinocaprinocultura e a produção de Eucalipto "casam" bem para pequenas e médias propriedades, pois pode-se plantar mudas ao longo das cercas dos piquetes. Deste modo, além de não interferir na produção de forragem, tem-se sombreamento natural para os animais.
É preciso, no entanto, proteger as mudas durante o crescimento inicial para que os animais não as comam e ter um pasto bem manejado, pois caso o pasto esteja rapado ou degradado, além do crescimento das mudas ser prejudicado, os ovinos e principalmente os caprinos farão de tudo para alcançar as folhas da muda mesmo quando um pouco mais crescida.
Se considerarmos um espaçamento entre mudas de 3 metros, teremos 333 mudas por km de cerca.
Portanto, vale a pena pensar com carinho nos sistemas agrossilvipastoris."
Mariana Paganoti de Oliveira - Equipe FarmPoint
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