A valorização dos preços no mercado externo é um ótimo sinal para o Brasil, que tende a ganhar competitividade nas exportações diante desse cenário de preços altos.
O resultado desse ambiente favorável às exportações brasileiras de milho pode ser observado através do desempenho das vendas do grão em agosto, quando o país chegou a ultrapassar o volume total de 1 milhão de toneladas.
Essa quantidade embarcada para o mercado externo chama a atenção em um cenário onde não há ajuda governamental e nem taxa de câmbio desvalorizada, condições que sempre foram indispensáveis para que houvesse viabilidade nas exportações brasileiras de milho.
Com os preços em Chicago acima de US$ 7,50 por bushel, a capacidade de venda externa do Brasil ganha contornos competitivos e é possível escoar o milho da região Centro-Oeste sem que haja intervenções governamentais.
Espera-se, assim, que as exportações brasileiras de milho apresentem bom desempenho neste semestre e, confirmando-se um bom resultado, o cenário seria totalmente propício à manutenção dos preços altos.
A valorização dos preços do grão estimulará o crescimento da área plantada no verão na campanha agrícola 2011/12. As estimativas iniciais já apontam crescimento de área de quase 10% na região Centro-Sul.
Há um bom tempo que o mercado do milho não vivenciava um momento tão favorável. Aliás, este seria o cenário ideal para o amadurecimento da cadeia produtiva do cereal, ou seja, um quadro onde há exportação sem intervenção governamental, compras antecipadas do grão visando a venda externa e preços remuneradores que estimulem o investimento na cultura tanto na safra de verão como na de inverno.
Em 2012, o Brasil também poderá se aproveitar dos preços altos do mercado internacional e, assim, impulsionar suas vendas externas. Apesar de o cenário global indicar uma desaceleração do crescimento econômico mundial, a queda nos estoques de passagem dos EUA tende a sustentar os preços do milho em níveis elevados.
Portanto, mesmo que ocorra crescimento da oferta de milho diante do crescimento da área plantada no Brasil, ainda assim o mercado poderá ser favorável ao produtor brasileiro devido ao aperto dos estoques globais.
A notícia não deixa de ser estimulante, já que as expectativas para o mercado do milho estão na contramão das para a economia global.
A matéria é do engenheiro-agrônomo, mestre em economia e sócio-diretor da Clarivi Leonardo Sologuren, publicada no jornal Folha de S.Paulo, adaptada pela Equipe AgriPoint.
Envie seu comentário: