O levantamento mensal também apontou que o quadro também é grave em outras regiões produtoras do País. Em Rio Verde/GO, por exemplo, o agricultor teve prejuízo de R$ 3,22 por saca, diferença entre R$ 17,72/saca do COT e R$ 14,50 do valor da saca. A única região pesquisada no boletim com o preço de venda da saca acima do custo foi Passo Fundo/RS. Porém, o lucro foi de apenas R$ 0,49/saca.
Segundo a superintendente técnica da CNA, Rosemeire Santos, mesmo com a pequena alta em relação a abril, os preços continuam muito baixos, em razão do excesso de oferta do produto no mercado. "A expectativa é de que os leilões do governo que começam nesta semana para escoar a produção ajudem a retirar o estoque armazenado para comercializar um volume maior e ajudar a conter as sucessivas quedas dos preços", explica Rosemeire. A expectativa é de que sejam retiradas do mercado 15 milhões de toneladas de milho com os leilões.
Em relação à soja, constatou-se lucro em quatro das cinco regiões pesquisadas. Em Rio Verde/GO, por exemplo, o produtor obteve em maio ganho de R$ 8,22/saca, diferença entre R$ 32,62 do preço comercializado e R$ 24,40 do COT. Apesar do ganho na maioria dos municípios, Rosemeire ressalta que o cenário ainda é de alerta, diante do comportamento do dólar e da evolução da safra norte-americana. "Esses fatores podem sinalizar uma possível queda de preço", explica.
Quanto ao leite, observou-se alta de 12% em relação a março no preço do litro do leite na média de cinco estados (Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná). O custo total ficou estável, mas há tendência de alta com a entressafra.
Rabobank prevê pressão sobre cotações de milho e soja
Em estudo concluído recentemente pelo Rabobank confirma a tendência de boas ofertas globais de ambos os produtos e de relações entre produção e estoques mundiais confortáveis, combinação que normalmente tira sustentação dos preços.
No caso da soja, o Rabobank projeta que a produção global deverá alcançar 253 milhões de toneladas na safra 2010/11 - em fase de plantio no Hemisfério Norte -, apenas 4 milhões abaixo do recorde de 2009/10 (257 milhões). No cenário traçado pela instituição, a demanda deverá crescer 4,1% na comparação, para 245,3 milhões de toneladas, mas ainda abaixo da produção. Assim sendo, os estoques mundiais tendem a recuar.
"Para muitos, os preços da soja até poderiam ter caído mais com as turbulências financeiras e a valorização do dólar, e isso não aconteceu. A demanda da China permaneceu firme e os Estados Unidos exportaram mais, o que ajudou a "segurar" as cotações", diz Luciano van den Broek, analista do Rabobank no Brasil.
A equação composta pelos fatores "fundamentos" e "dólar" produz resultados semelhantes no mercado de milho em Chicago. O Rabobank prevê que oferta e demanda mundiais deverão continuar "balanceadas" em 2010/11 em torno de 825 milhões de toneladas. Mas, como na soja, a projeção não tem como precisar o fator clima, e é para ele que as atenções estão voltadas no momento no Hemisfério Norte e estarão concentradas no fim do ano no Hemisfério Sul, onde o plantio terá início no terceiro trimestre.
As informações são da CNA e do jornal Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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