Com a farta liquidez até a metade do ano, a busca por aquisições estava em alta. "Havia muito dinheiro, as empresas estavam capitalizadas. Agora não há crédito, mas, por outro lado, o momento é propício para as compras. Os ativos estão mais baratos", avalia Ariovaldo Zanni, diretor executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações).
"É possível que ocorra no nosso setor o mesmo que ocorreu na indústria farmacêutica, com meia dúzia de empresas gigantescas dominando o mercado. As menores atenderão nichos, que sempre vão existir", diz ele. "É uma tendência global".
Antes da crise, segundo Zanni, fundos e potenciais investidores procuravam informações sobre o mercado brasileiro dispostos no setor. "Em setembro, o cenário virou, ficou mais nebuloso. O interesse pelo Brasil permanece, mas agora se fala em desembolso menor", diz.
Uma das aquisições mais emblemáticas realizadas em 2008 foi feita pelo grupo francês Evialis. Em maio, o grupo concluiu a compra das operações remanescentes da Cargill Nutrição Animal, braço da multinacional americana para o segmento. Com as quatro fábricas assumidas pela Evialis, o grupo francês consolidou sua liderança na indústria, enquanto a Cargill deixou de atuar na área no país.
Outra aquisição que marcou o setor foi a da PCS Fosfatos Brasil pela Tortuga. Mais que pelo valor - a operação envolveu entre R$ 90 milhões e R$ 100 milhões -, o negócio marcou a primeira aquisição realizada pela Tortuga, uma das mais tradicionais empresas do segmento de suplementos minerais do país voltados à fabricação de produtos de nutrição animal.
Não apenas a crise econômica lança dúvidas sobre a capacidade do setor de continuar seu movimento de concentração. Há, na verdade, discordância mesmo sobre se as compras podem denotar uma tendência, já que o setor é tremendamente pulverizado no país. Existem no Brasil entre 1,5 mil e 2 mil fabricantes de produtos de nutrição animal.
"O mercado precisa de consolidação para ganhar escala e força, mas é difícil dizer que existe uma consolidação em um setor com quase duas mil empresas", afirma Nilton Ribera Perez, diretor-presidente da Evialis, "a maior escala daria ao setor também capacidade de investimento em pesquisa". Para 2009, afirma, há otimismo, ainda que o cenário esteja pouco propício para previsões.
A matéria é de Patrick Cruz, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
Envie seu comentário: