A relativa estabilidade apontada na comparação entre abril e março indicada pela FAO ocorreu apesar do salto dos grãos, que foi compensado pelas baixas de arroz, açúcar e lácteos. Carnes e oleaginosas oscilaram pouco. Em comunicado, um dos diretores da FAO, David Hallam, diz que a degringolada do dólar e a alta do petróleo ajudam a manter elevados os preços dos produtos alimentares, sobretudo grãos. A demanda continua forte e as perspectivas de um retorno a preços "mais normais" dependerão da produção e dos estoques globais nesta temporada.
A quinta-feira, porém, foi de fortes quedas dos grãos e das commodities em geral nas principais bolsas internacionais. Incertezas em relação à economia europeia enfraqueceram o euro e deram sobrevida ao dólar, reduzindo a competitividade dos produtos americanos e provocando uma tsunami baixistas sobretudos nas bolsas dos Estados Unidos. Mesmo assim, as agrícolas permanecem em elevados patamares e com fundamentos de oferta e demanda "altistas".
No Brasil, onde as projeções de valor bruto da produção agrícola nacional sinalizam um novo recorde em 2011, graças a boas colheitas e preços remuneradores, as cotações no campo continuam sustentadas, apesar de as disparadas terem arrefecido. Exemplo disso é o IqPR, índice de preços recebidos pelos produtores de São Paulo. Pesquisado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria da Agricultura do maior Estado consumidor do país, o indicador recuou 0,61% em abril - a primeira queda mensal após oito valorizações seguidas -, mas ainda acumula ganho de 26,16% nos últimos 12 meses.
Em linha com o diagnóstico da FAO, algumas das maiores altas em 12 meses em São Paulo são percebidas pelos produtores de grãos. No caso do milho, chega a 72,58%; no do trigo, a 30,33%, enquanto na soja atinge 29,12%. Mas, na lista de 18 produtos pesquisados pelo IEA, nenhum subiu tanto quanto o café: 88,29%. Também apresentam variações positivas consideráveis no período as carnes de frango (27,43%) e bovina (25,63%) e os ovos (33,94%).
"Os preços agropecuários evoluíram em percentuais muito superiores aos dos indicadores da inflação brasileira, como resultado da pressão de demanda derivada do crescimento da massa salarial e da conjuntura altista de importantes preços internacionais. Os maiores preços agropecuários internos, ao derivarem diretamente da demanda, ainda se mantêm muito mais elevados que no ano anterior. Ou seja, a queda mensal significa que os preços agropecuários deixaram de subir, mas não reverteu o padrão de patamar elevado em relação ao ano anterior", afirmam os pesquisadores do IEA em comunicado.
Os relatórios estão disponíveis em www.fao.org e www.iea.sp.gov.br
A matéria é de Assis Moreira e Fernando Lopes, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
Daniel Brilho
Árvore Grande - Mato Grosso do Sul - Produção de leite
FarmPoint - postado em 06/05/2011
Artigo interessante!