"A crise deixou cicatrizes profundas, o que afetará tanto a oferta quanto a demanda por muitos anos à frente", escreveu Blanchard em artigo publicado pela revista Finance & Development, do FMI. "A recuperação já teve início. Para sustentá-la serão necessárias medidas de balanceamento delicadas, tanto dentro como fora dos países", escreveu Blanchard.
Ele ainda afirmou que a recessão pela qual o mundo passa "não é comum" e o potencial de produtividade da economia global será menor agora do que antes da crise financeira.
Em julho, outro relatório do FMI já havia afirmado que a economia global estava "começando a sair da recessão".
No artigo, Blanchard afirma ainda que as economias que são baseadas no consumo interno - como o caso dos EUA - terão de aumentar suas exportações, enquanto países asiáticos - principalmente a China - devem importar mais. "Dar a volta na situação não será simples."
Para Blanchard, a crise deve provocar uma mudança de hábitos entre os americanos, o que reduzirá o elevado nível de despesas. Isso forçará um ajuste dos parceiros comerciais dos EUA, especialmente a China. "Do ponto de vista dos EUA, uma redução no superávit de conta corrente da China ajudaria a aumentar a demanda e apoiaria a recuperação."
Mas, para que a China impulsione a demanda interna, terá de reforçar a rede de proteção social e aumentar o acesso das famílias ao crédito, o que serve de incentivo para que os consumidores economizem menos e gastem mais.
Ele afirmou que os sistemas financeiros dos países desenvolvidos estão "disfuncionais" e "precisarão de um longo tempo para serem remodelados".
Além disso, ele sugere que as pessoas aceitem a ideia de um aumento na tributação. "Em quase todos os países, os custos da crise se juntaram à carga fiscal, e os impostos mais altos são inevitáveis", disse. "Tudo isso implica que talvez não possamos retornar ao antigo caminho do crescimento."
Ele manifestou apoio às ações de governos para responder à crise com estímulo fiscal, mas alertou que essas medidas provavelmente não poderão ser mantidas por muito tempo.
Blanchard diz que a maioria dos países crescerá durante os próximos trimestres, mas as taxas não serão suficientemente altas para reduzir o desemprego. Grande parte desse crescimento será resultado dos programas de estímulo fiscal, que vão acabar, e da reposição de estoques. Em relação aos países emergentes, ele afirma que os fluxos de capital vão demorar a voltar ao nível pré-crise.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.
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