O Valor apurou que o governo francês deflagrou um esforço adicional para explicar ao Brasil que não quer "prejudicar" os países exportadores nem buscar o controle de preços das commodities agrícolas, e sim deter a especulação com derivativos.
A França busca visivelmente evitar uma polarização no grupo das maiores economias do mundo sobre medidas envolvendo o mercado agrícola. Diante da reação de países como o Brasil, alguns negociadores acreditam que Paris não vai insistir muito em questões como a formação de estoques reguladores regionais, por exemplo.
A preocupação com os preços dos alimentos está no centro da agenda francesa no G-20. Primeiro, pela situação atual de explosão dos valores e, segundo, pela aproximação da eleição presidencial na França. O presidente Nicolas Sarkozy quer mostrar que apoia seus agricultores, que tendem para a extrema-direita.
O governo francês vem insistindo em vincular volatilidade de preços e segurança alimentar. Para o Brasil, isso tem pouco sentido. A volatilidade dos preços agrícolas sempre existiu. O que se pode tentar buscar é previsibilidade para consumidores e produtores, dentro de mecanismos de mercado e não de intervenção estatal. O Banco Mundial alertou sobre "níveis perigosos" dos preços dos alimentos, que poderiam causar instabilidade política.
O rápido aumento da renda nos países emergentes mudou o padrão da demanda, aumentando os preços dos alimentos com mais proteínas, como carnes e pescado. Só na China, o consumo de carne mais que dobrou em 20 anos e pode dobrar de novo até 2030. Para o Brasil, uma solução que o G-20 deve discutir é o estímulo à produção e o fim das barreiras à importação de produtos agrícolas.
A matéria é de Assis Moreira, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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