Na opinião de especialistas, no entanto, o movimento está menos associado ao estoque de matéria-prima e alimentos e mais ligado às operações dos investidores no mercado de commodities. O sócio-diretor da RC Consultores, Fábio Silveira, explica que entre julho de 2007 e julho deste ano, o índice saltou 52%. Entre julho de 2003 e julho de 2007, a evolução foi de 93%.
Segundo ele, o grande rally dos preços ocorreu entre 2007 e 2008, influenciado especialmente pela especulação dos investidores que buscaram no mercado de commodities a rentabilidade que os juros baixos e as ações já não davam mais. "Hoje, com as sinalizações de desaceleração da economia mundial, eles tiraram o pé do mercado e provocaram o movimento de baixa."
No curto prazo, a expectativa é que os preços das matérias-primas e alimentos continuem em queda por causa do nervosismo do mercado. Mas, por enquanto, ninguém se arrisca a dizer que se trata do estouro da bolha das commodities. Isso só ocorreria se o mundo entrasse em recessão. A expectativa é que o preço caia, mas fique em níveis superiores ao de 2007.
A explicação é que mercados emergentes vão continuar crescendo, destaca o professor de macroeconomia do Ibmec São Paulo, José Luiz Rossi. Na avaliação dele, haverá um recuo, mas os emergentes ainda vão apresentar crescimento de 6%, 7% em 2008, o que vai impactar no preço das commodities. "Temos de ver que a participação dos emergentes no mundo mudou nos últimos anos. Isso é uma coisa nova e ainda não sabemos direito como será a reação diante do recuo de outras economias."
O sócio da Paraty Investimentos, Marco Franklin, diz também que, no caso dos alimentos, há uma expectativa de a safra de soja ser menor que a esperada neste ano. Essa restrição na oferta pode segurar a queda.
A reportagem é de Renée Pereira, para o jornal Estado de SP.
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