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Giorgi Kuyumtzief: frigorífico não consome carne

postado em 26/10/2009

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O colaborador do FarmPoint Giorgi Kuyumtzief, Engenheiro Agrônomo, produtor e instrutor do SENAR-MT em ovinocultura, respondeu a carta que um leitor enviou ao seu artigo "Entraves nos processos produtivos da ovinocultura - Parte 1". Abaixo leia a carta na íntegra.

"Prezado Diego Magri Bernardes:

Agradeço-lhe a oportunidade de poder trocar ideias sobre realidades que interferem na solidificação de uma atividade tão nobre, interessante e potencialmente lucrativa.

A idade de abate dos ovinos não é um fator inflexível. Quando defendemos, por exemplo, a conveniência de conjugar a satisfação do consumidor, o pico de maior converção alimentar e as características organolépticas da carne de um cordeiro abatido entre três e cinco mêses de idade, estamos buscando a sustentabilidade financeira do processo de produção. Havendo demanda de consumo e conveniência do produtor, produzir carne proveniente de carcaças de borregos com idade entre, também por exemplo, dez e doze mêses pode ser interessante. Porém, o importante é que haja definição de qual é o produto que será produzido pelo processo, que deverá ser específico para tal. Processo específico significa manejar o rebanho ovino, principalmente quanto à nutrição e à reprodução, dentro duma sistematização direcionada para a geração do produto alvo, seja ele qual for. O consumidor habitual de qualquer produto não aceita descaracterizações. Portanto, é o produtor quem deve escolher se é mais conveniente investir para produzir carcaças de "cordeiros" ou carcaças de "borregos", que são, inquestionavelmente, produtos diferentes.

Quanto à vocação regional para produzir carne de cordeiro, a limitação não é a existência ou ausência de um frigorífico comprador. Este é o modelo mercadológico da carne bovina que, não perdendo a oportunidade de se enfatizar, é extremamente daninho ao bolso do bovinocultor. Ser um ovinocultor profissional, considerando a conjuntura atual, significa a profissionalização na produção de carne de cordeiros, e não de cordeiros vivos. Sendo assim, quando, numa determinada região, estiver acontecendo uma produção de carcaças de cordeiro com quantidade e regularidade previsíveis, os produtores, profissionais na atividade, facilmente encontrarão empresas do setor de abate e frigurificação interessadas em ingressar nessa atividade rentável.

E, para encerrar, é preciso lembrar de um conceito importante: Todo e qualquer produto, para entrar no seu mercado consumidor, precisa ter um padrão de qualidade, uma escala de produção e uma regularidade de fornecimento. Consequentemente, quando você se refere a comercialização, se existe informalidade e inconstância, não existe Mercado, pois o mesmo é fruto da demanda que é filha do hábito de consumo que é resultado da presença do produto ao alcance do consumidor, o que responde, também, a sua pergunta sobre escala de produção e distância do consumidor.

Atenção: Frigorífico não é consumidor de carne.

Estamos à disposição para prosseguir o assunto.

Um abraço.

Giorgi Kuyumtzief"

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