Alexandre Caixeta tem um plantel com 1,2 mil matrizes no município de Silvânia. Ele entrega a produção à Top Carnes, do Distrito Federal, e recebe R$ 2,5 por quilo vivo do animal. Embora acredite no potencial do mercado, diz que está pensando em sair da atividade. As dificuldades, assinala Alexandre, são muitas. O principal gargalo destacado por ele, porém, é ausência de um frigorífico, o que induz à informalidade, promovendo uma concorrência desleal.
Manuel Amaral, proprietário da Top Carnes, diz que a produção goiana tem qualidade, mas até por falta de uma melhor estruturação da cadeia produtiva, poucos criadores conseguem entregar o produto com a regularidade exigida. Mas esse problema, salienta, não é exclusivo dos produtores goianos. Recentemente, conta, um grande frigorífico de ovinos em Minas Gerais parou de abater por falta do produto. "No caso dos bovinos, o frigorífico manda três caminhões em uma fazenda, e eles saem de lá cheios. Quem trabalha com ovinos tem de passar em três fazendas para encher um caminhão."
Por isso, explica, hoje ele compra animais não somente de Goiás, mas também de Minas e da Bahia. Segundo Manuel, além dessa dificuldade, a concorrência do produto uruguaio é forte. "Eles conseguem colocar aqui cortes a preços muito acessíveis". Mas o mais complicado, afirma, é concorrer com os informais. "Eles vendem um produto sem padrão, em condições sanitárias duvidosas. Abatem animais de qualquer idade", diz.
Segundo ele, os frigoríficos legalmente estabelecidos abatem cordeiros com até seis meses, cuja carne tem sabor e qualidade superiores.
Para ele, falta fiscalização. "Não adianta ir atrás de quem mata animais informalmente. Mas sim de quem vende a carne sem inspeção."
Um pouco mais de união entre os criadores goianos, afirma Manuel Amaral, seria bom para o mercado. "Hoje, você vê placas nas entradas de fazendas e chácaras oferecendo carne de cordeiro clandestina. Esse tipo de comportamento não agrega."
Presidente da Associação Goiana dos Criadores de Caprinos e Ovinos (Capriovinos), Wolney Siqueira diz que um dos grandes problemas enfrentados hoje pelos criadores goianos foi o aumento da pauta de ICMS nas vendas externas de R$ 90 para R$ 180. Sobre esse valor, incidem 12% de ICMS. Nas vendas internas, o produtor é isento de ICMS. "Como não há frigoríficos, o produtor é obrigado a vender para outros Estados. Aí tem de enfrentar esse aumento de impostos."
Quanto à falta de frigorífico, Wolney Siqueira diz que há uma luz no fim do túnel. A entidade já participou de reuniões com a Secretaria da Agricultura e com o Sebrae visando a formação de uma cooperativa que construiria um frigorífico ou matadouro de ovinos no Estado.
As informações são do jornal O Popular, resumidas e adaptadas pela equipe FarmPoint.
MARCUS RODRIGO DE FARIA
Campo Grande - Mato Grosso do Sul - Consultoria/extensão rural
postado em 16/02/2009
Qualquer semelhança será mera coincidência com o estado do MS?