A agricultura empresarial terá disponíveis R$ 7 bilhões a mais que na safra atual (2007/08). Os valores consideram recursos a juro controlado e a taxa livre. Para a agricultura familiar, o incremento em comparação à safra atual será de R$ 1 bilhão.
Com a liberação de R$ 65 bilhões, Stephanes disse que será possível incrementar entre 5% e 6% a produção agrícola na safra 2008/09. Na safra atual, a produção foi de 143,276 milhões de toneladas de grãos, mostra estimativa divulgada no começo do mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A criação de uma linha de crédito para recuperação de áreas degradadas e melhoria das pastagens com taxa de juro de 5,5% ao ano foi uma das vitórias conseguidas pela Agricultura. "Como o juro vai ficar em torno de 5,5% e a inflação vai ficar em torno disso ou chegar a 6%, o encargo será negativo", destacou. Ele também citou um programa para modernização da pequena propriedade que terá juro de 2% ao ano. A linha deve beneficiar os produtores que são eficientes e que terão condições de elevar a produção.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Antonio Egidio Crestana
Campinas - São Paulo - Produção de gado de corte
postado em 20/06/2008
Para que o desenvolvimento seja sustentável, é preciso: primeiro, que haja crescimento, digamos lá, de um segmento da economia. Depois, que o dito crescimento seja distribuído por todos: cadeia produtiva, sociedade no mais geral. E por fim que seja, evidentemente, sustentável, se arrime por si só, não dependa de subsídios nem benesses governamentais, enfim, que dê a seu empreendedor, a satisfação do lucro honesto.
Vai daí que não se imagina um negócio que absorva prejuízos indefinidamente: se for onerado com um repentino aumento em seus insumos, o mesmo será repassado, agora ou daqui a pouco, para o restante da cadeia produtiva, desaguando, sempre, no consumidor final.
É assunto recorrente o aumento dos gêneros alimentícios, no mundo todo. Especula-se a causa, pode ser o etanol de milho, ou de cana; pode ser o dólar rebaixado ao nível de cruzeiro velho; e pode ser até o apetite reprimido da chinezada, que passou a comer melhormente, de uns tempos para cá, aumentando assim a tal da demanda inflacionária.
Está se aproximando um novo ciclo agrícola em terras tropicais, ou seja, o plantio de culturas anuais e os tratos culturais das culturas perenes. Virá com a primavera, as chuvas de outubro. O produtor rural se prepara, e o primeiro passo é a compra dos fertilizantes. E qual não é sua surpresa, ao cotar seus adubos? Aumento de 100% em relação ao ano passado. Cem por cento? Não é possível, o Governo fala em inflação anual de 4 ou 5%, tem erro nessa história! Não tem. É isso mesmo.
Consultando minhas planilhas de custo, anuários de produção, economistas e outros videntes, chego à conclusão que os fertilizantes representam cerca de 20% dos custos agrícolas. Se dobrarem de preço, os custos de alimentos subirão mais 20%. Aritmética básica. Prosseguindo, supondo-se uma participação de 35% da alimentação no orçamento do brasileiro médio, podemos deduzir que o uso do fertilizante na adubadeira do lavrador vai acarretar um aumento de 7% no bolso do trabalhador.
Ora, como é que vamos embutir um aumento de 7% no ano, dentro de uma meta inflacionária de 4,5%? E olhe que não falei das conseqüências do aumento desproporcional e desigual do óleo diesel sobre o custo de vida. Isso fica para outra hora.
Sabemos que os adubos nitrogenados são provenientes do petróleo, cujo preço disparou ùltimamente. Mas a gasolina também vem do petróleo e houve competência suficiente na turma da economia para que a mesma ficasse quietinha em seu lugar, com inflação zero. Além disso, os outros fertilizantes, fósforo e potássio, tem origens diversas, independentes do ouro negro.
Não seria o caso de o Governo tomar medidas de apoio à agricultura, cortando o mal pela raiz, reprimindo essa iniciativa desastrada das poucas indústrias de fertilizantes que apenas cuidam de seu próprio crescimento, não dando a menor bola para a sustentabilidade do setor? Ou vamos aguardar a vaca ir solenemente pro brejo, e aí jogarmos a culpa do desastre nas já por demais calejadas costas do produtor rural?
Antonio Egidio Crestana
Presidente do Sindicato Rural de Campinas