Relatório preparado pelo Departamento de Defesa Comercial (Decom) do Ministério do Desenvolvimento sugere a elevação da atual tarifa de 2,9% para uma sobretaxa superior a 20%. O direito antidumping contra o produto chinês vigora desde 2003, quando foi fixado em 35,8% a pedido da multinacional americana Monsanto e da brasileira Nortox. Em fevereiro de 2008, o governo revisou os dados de importação e reduziu a tarifa a 11,7%. Em seguida, baixou novamente a taxação, para os atuais 2,9%.
Em 2007, o Brasil importou 63 milhões de quilos da matéria-prima. O mercado desse defensivo movimenta R$ 1,2 bilhão anuais. Em jogo, estão os planos de 186 empresas listadas pelo governo como partes interessadas no tema. Há 47 produtos à base de glifosato registrados pelo governo e outros dez que aguardam liberação.
A recomendação do Decom será avaliada pelo Grupo Técnico de Defesa Comercial no próximo dia 22, quando deverá ser contestada por especialistas de pelo menos três dos sete ministérios dedicados ao assunto. No centro da divergência entre indústrias e alguns ministérios, a sobretaxa coloca à prova o discurso do governo em favor da redução de custos das lavouras em um ano de crise de crédito e problemas climáticos.
Segundo a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), a medida é inadmissível no momento atual. "Os preços dos defensivos em geral subiram 5% a 10% na safra. O de glifosato aumentou 30% a 40%. É um absurdo", disse a senadora. Dados do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo (IEA) mostram que o litro de glifosato subiu de R$ 12,10 para R$ 23 nos últimos oito anos. A tendência dos ministros da Camex é aceitar a recomendação do Decom, mas não aplicar a sobretaxa neste momento.
Acusada de manter o monopólio da produção de glifosato no Brasil, a Monsanto disse em nota que "acredita ainda que tem o direito de se defender dos preços predatórios praticados por exportadores chineses que não investem e nem se comprometem com o Brasil. Além disso, a Monsanto acredita que, sem o direito ao antidumping, existe uma grande probabilidade de volta à prática de dumping e à concorrência desleal, provocando, consequentemente, grande dano à industria doméstica".
A reportagem, de Mauro Zanatta, foi publicado no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
Robinson Grego
Vitória - Espírito Santo - Produção de café
postado em 16/01/2009
glifosato mais caro, adubos mais caros e as empresas achando que a concorrência não pode vender mais barato, ou seja que os produtores tem que comprar o produtos só deles e mais caros?
Parece piada, nós, produtores, não conseguimos acompanhar esta alta, não vamos adubar, vamos colher menos, o preço sobe pelo pouco que se produz.
Todos acham que nossos preços não podem subir , o produtor se descaptaliza e vamos importar alimentos deles, ao preço que estipularem. Ou o governo coloca insumos a preço acessível ao produtor, ou as consequências virão para todos nós!