"A nossa aflição de votar o Código Florestal é grande", disse Kátia. De acordo com ele, a maioria dos produtores rurais criminalizada pelo decreto é de pequenos e médios. "Mesmo que esse decreto fosse novamente prorrogado, ele traz insegurança jurídica. Nós queremos uma definição na lei", completou a senadora. O decreto que pune os produtores rurais já foi prorrogado duas vezes, mas agora o governo garante que as punições não serão novamente adiadas. Assinado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o decreto prevê multas entre R$ 50 e R$ 500 por hectare para os produtores que não entrarem com processo de regularização até 11 de junho.
Diante da maioria de ruralistas, o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), defendeu que o governo continue as negociações sobre o Código com o Congresso. Em sua avaliação, o Planalto vai cometer uma "injustiça", principalmente com os pequenos proprietários de terra, se o Código não for votado e o governo não prorrogar o início da cobrança das multas para os proprietários rurais que não registraram a reserva legal. "Não é possível que o Código fique parado por apenas um item em que não se chegou ao consenso", afirmou Henrique.
Para pressionar a bancada ruralista a aprovar o texto de Aldo Rebelo (PCdoB) sem alterações, o governo já avisou que o Código Florestal será todo vetado pela presidente Dilma Rousseff, caso o Congresso aprove a proposta da oposição que derruba o acordo para que o uso das Áreas de Proteção Permanente (APPs) seja definido por decreto presidencial e repassa aos Estados a prerrogativa de executar regularização ambiental. Com essa ameaça, o Planalto esperar convencer os deputados da base aliada ligados ao setor agrícola a aprovar o Código sem a emenda da oposição. "Vamos ter de sair do impasse e chegar a um entendimento", disse Henrique Alves.
Para ganhar tempo, os líderes governistas trabalham para não votar o Código na semana que vem. Já os líderes dos partidos de oposição pretendem insistir na votação do Código na próxima semana.
As informações são do jornal O Estado de São Paulo, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
José Ricardo Skowronek Rezende
São Paulo - São Paulo - Produção de gado de corte
postado em 16/05/2011
É uma pena que uma matéria tão importante fique a merce de disputas políticas infindáveis. O Governo precisa entender que os produtores tem uma péssima experiência a este respeito com decretos-lei, medidas provissórias e outros atos do executivo. Tudo que querem é definir claramente as regras do jogo e não deixar que parte destas definições seja protelada e, principalmente, transferida para o executivo. O executivo já tem claro o que fará a respeito das areas consolidadas em APPs? Então que elabore seu texto e o submeta a votação. Uma imensa parte da produção de arroz, uva, maça e café nacionais estão em APPs. Também a ocupação de beiras de rios, especialmente na Amazonia, precisa ser considerada. São situações muitas vezes anteriores mesmo ao antigo Código Florestal.