O estímulo financeiro seria calculado com base em redução de emissões de gases de efeito estufa. A cada tonelada de carbono "poupada" com o replantio de áreas, o produtor ganharia cerca de R$ 17. Estima-se que cada hectare replantado represente o corte de 90 toneladas de carbono.
Com essa proposta, que ainda não tem o aval final da equipe econômica, poderia ser viabilizada a recuperação de cerca de 430 mil quilômetros quadrados de APPs. "Estamos procurando consolidar uma posição que contemple a dos ambientalistas, da base e do governo. Acho possível chegar a um acordo", disse o líder do governo, Cândido Vacarezza (PT-SP). "Quem apostar em confronto, vai perder", afirmou. Os líderes partidários se reúnem hoje, às 12 horas, para decidir se o Código será votado hoje ou não. "Vamos sentir o quadro."
A votação da reforma do Código Florestal foi suspensa na quarta-feira passada por sugestão de líderes governistas, diante uma derrota iminente da proposta de acordo negociada pelo Planalto. Na ocasião, eram dois os pontos de divergência. O primeiro deles tratava de benefício a pequenos produtores, que poderiam ficar isentos de recuperar a reserva legal de suas propriedades, segundo proposta do relator Aldo Rebelo (PC do B-SP).
O governo insistia em que o benefício deveria ficar restrito a produtores da agricultura familiar, mas faltou aval da base de apoio da presidente Dilma Rousseff no Congresso. Como antecipou o Estado na sexta-feira, o governo cedeu e ampliou o benefício aos proprietários em área de até 4 módulos fiscais (entre 20 e 400 hectares), desde que sejam cooperativados.
O segundo ponto de discórdia na quarta passada era a recuperação das APPs às margens de rios mais largos. O governo apresentou, então, uma nova proposta. Nos rios onde a APP seja superior a 200 metros, os produtores rurais que tiverem desmatado terão de recuperar pelo menos 100 metros. Há ainda mais uma exceção contemplada pela mais nova proposta do governo. Quando as propriedades da agricultura familiar forem ocupadas integralmente nas faixas de preservação permanente, a recuperação da APP poderá ser reduzida a 30 metros.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, acredita que é possível um acordo para a votação sem a quebra de compromissos assumidos por Dilma. Na campanha eleitoral, a então candidata se comprometeu a vetar a redução de áreas de reserva legal e de preservação permanente. "Estamos engajados em viabilizar uma alternativa legitimada por uma presidente eleita com 56 milhões de votos. O meio ambiente e o desenvolvimento econômico com sustentabilidade são prioridades do governo", disse a ministra.
A proposta do governo mantém a exigência de manter a vegetação nativa às margens de rios e em parcela da propriedade que varia de 20% a 80%, de acordo com o bioma.
Abre também caminho para que a maioria dos produtores rurais regularize a situação ambiental de seus imóveis, ao estabelecer situações em que a ocupação das Áreas de Preservação Permanente e de reserva legal é aceita. O relator Aldo Rebelo (PC do B) disse que, se não houvesse recuos por parte do governo, o plenário da Câmara votaria a proposta da semana passada.
A reportagem é do jornal O Estado de S. Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
José Ricardo Skowronek Rezende
São Paulo - São Paulo - Produção de gado de corte
postado em 10/05/2011
Acho justo que produtores, independente se possuem dividas de finaciamentos rurais ou não, sejam remunerados pelo governo por serviços de preservação do meio ambiente. Se a idéia é remunerar-nos por mantermos área de reserva legal em nossas propriedades excelente. Afinal o meio ambiente é um bem público e nada mais justo que sua preservação seja bancada pelo sociedade, na figura do Estado.
Mas se a idéia é, como parece pela leitura da matéria, perdoar dividas de quem desmatou mais do que deveria para reflorestar esta área desmatada em excesso há vários aspectos graves a serem analisados, mas o principal é porque o "auxilio" para reflorestar é restrito a quem possui dívidas? Que tipo de sinal estaremos enviando ao só beneficiar quem deve e desmatou além do permitido? É simplesmente uma negociata política sem qq preocupação moral?
E será que faz sentido gastarmos recursos públicos para reflorestarmos areas produtivas? Não faria mais sentido gastarmos recursos publicos para auxliar a conservarmos as areas de reserva legal existentes?
Simplesmente se os valores de sequestro de carbono propostos forem bons a ponto de motivar o reflorestamento de areas produtivas o valor gasto pelo governo será enorme. E se forem simbólicos não atingirão o objetivo de motivar o reflorestamento. Por muito menos podemos motivar quem não ainda desmatou e ptto não gastou muito com a area a preserva-la.