O ex-ministro extraordinário de Combate à Fome do governo Lula, afirma que a "financeirização" dessa atividade precisa ser disciplinada.
Para Graziano, o encarecimento dos alimentos é hoje um problema estrutural que não se resolve no curto prazo. Segundo ele, a FAO vinha chamando a atenção para a questão e cobrando o aperto das regras desde o estouro da bolha de preços em 2007. Especulação, redução dos estoques mundiais e questões climáticas são os vilões, diz. "Em mercados desregulados, isso faz aumentar a volatilidade: quando o preço está subindo a financeirização empurra mais para cima e quando está descendo, empurra mais para baixo. Em 2007, a FAO falou que [a crise dos alimentos] ocorreria de novo se nada fosse feito, e praticamente nada foi feito em termos de novas regulações desses mercados."
Ao pregar maior regulação no setor, Graziano garante que não vai contra a orientação do governo brasileiro. "Para se ter liberdade é preciso ter regras, dizer o que pode e não pode fazer, senão vira uma bagunça que somente beneficia uns poucos especuladores", comenta. Ele revela que discutiu o assunto na semana passada no Ministério da Agricultura francês e na sede da FAO, em Roma. Segundo ele, Paris não fechou sua posição e analisa estudos da FAO sobre o assunto. "Limite dos derivativos, estoques virtuais e mecanismos financeiros para poder intervir em momentos de muita alta e muita baixa estão sendo discutidos", explica.
Apesar de a polêmica envolver a FAO, Graziano ressalva que decisões nesse campo cabem à Organização Mundial de Comércio (OMC). A função da FAO é prestar assistência técnica para a implementação de políticas na área agrícola e de segurança alimentar, além de municiar os 191 países-membros com dados e conhecimento.
Uma das promessas de Graziano é mudar o perfil de financiamento da FAO, com espaço para maiores doações dos países do hemisfério Sul, que passariam a ganhar mais benefícios da cooperação multilateral da FAO. "Os países desenvolvidos são os grandes doadores da FAO, mas sabemos que nos próximos anos eles vão enfrentar sérias restrições fiscais", diz Graziano.
O agrônomo brasileiro, que está licenciado da direção da FAO para a América Latina e Caribe para disputar a eleição, também busca apoios para descentralização e desburocratização. "É preciso dar mais poder aos escritórios regionais, sub-regionais e os próprios países. Hoje se o Brasil quiser fazer uma doação, ele precisa mandar o dinheiro para Roma, e esse dinheiro volta para ser gasto no Brasil.
Outro desafio de Graziano é posicionar a FAO para contribuir com a expansão da produção de alimentos de forma sustentável. Segundo ele, até 2050 alguns setores da agricultura precisarão aumentar 70% e até 100% a capacidade produtiva. "O impacto disso sobre o ambiente já é conhecido, principalmente com a pecuária. Temos que achar um jeito de juntar tecnologias hoje disponíveis e menos agressivas: o cultivo direto do solo, por exemplo, sem arar."
Indicado para substituir o atual diretor-geral da FAO, o senegalês Jacques Diouf, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Graziano conta com o engajamento da presidente Dilma Rousseff em sua campanha. Ela tem mencionado a candidatura do ex-ministro criador do programa Fome Zero em todos os seus contatos bilaterais e elevou a campanha ao nível de prioridade da diplomacia brasileira.
A reportagem é de Luciano Máximo, para o jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
Joseph Crescenzi
Itaipé - Minas Gerais - Produção de café
postado em 18/02/2011
Existe uma situação na conjuntura atual em que o produtor de alimentos está pagando mais caro para todos os insumos relacionadas a sua atividade. Com os elevados custos doas regulamentos ambientais, a alta do petróleo, a progressiva alta dos impostos sobre tudo que é consumido e gasto na produção de alimentos, os preços dos alimentos tendem a subir. Ao contrário o produtor fica Sem Terra.