O quadro de oferta e demanda global de produtos como milho, trigo e soja já sugeria que as cotações dessas commodities básicas para a produção de alimentos permaneceriam sustentadas pelo menos até dezembro nas principais bolsas globais, inclusive com o empurrão da expectativa de atrasos nas colheitas e perdas no extremo sul do hemisfério Sul, por causa do fenômeno La Niña.
Pois esses atrasos começam a ser confirmados e dimensionados para lavouras de soja e milho no Brasil, o que deverá, conforme analistas, enxugar a oferta doméstica de grãos também em janeiro.
No mundo, foram adversidades climáticas na Rússia e arredores que puseram os grãos em escalada a partir de julho, num movimento posteriormente aprofundado por produtividades menores que as esperadas nos EUA e turbinado por uma demanda mundial aquecida, puxada pela China, e por movimentos especulativos derivados da contínua erosão do dólar.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês de outubro em 0,75% e ficou acima da taxa de 0,45% do mês anterior em 0,30 ponto percentual. Com esse resultado, o acumulado do ano está em 4,38%, acima dos 3,50% referentes a igual período de 2009.
No grupo Alimentação e Bebidas a alta foi mais intensa do que no mês anterior, passando de 1,08% em setembro para 1,89% em outubro - maior taxa desde junho de 2008, quando o grupo teve variação de 2,11%. Com isto, o IPCA de 0,75% no mês teve 0,43 ponto percentual de contribuição dos alimentos, o que significa que o grupo respondeu por 57% do índice.
Segundo o IBGE, o item carnes, com aumento de 3,48%, ficou com a maior contribuição individual do mês, 0,08 ponto percentual, seguido pelo feijão carioca, com 0,07 ponto. No grupo dos alimentos foram poucos os que ficaram mais baratos, destacando-se a cebola (-6,46%) e o arroz (-1,14%).
"É uma característica deste ano o IPCA acompanhar de perto o comportamento dos alimentos, que estão sendo donos do comportamento da inflação", afirmou Eulina dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Já os produtos não alimentícios registraram alta de 0,41% em outubro, ante aumento 0,27% em setembro. A principal pressão sobre esse grupo de produtos no mês passado ficou com os combustíveis, cuja variação chegou a 1,56%, contribuindo com 0,07 ponto porcentual na taxa mensal do IPCA. O litro do etanol teve reajuste de 7,41%, pressionando também o preço da gasolina (1,13%). Houve alta ainda em itens como empregados domésticos (1,21%), aluguel (0,83%), condomínio (0,63%) e taxa de água e esgoto (0,48%), enquanto o grupo de vestuário registrou aumento de preços de 0,89%.
As informações são do IBGE, Valor Econômico e Agência Estado, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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