O levantamento demonstra que a meta "fome zero" lançada no início do governo Lula ainda não é realidade no País, embora o acesso das famílias brasileiras à comida tenha aumentado significativamente em sete anos. Na POF anterior, referente a 2002/2003, a alimentação era insuficiente para 46,7% das famílias consultadas.
Para o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes, os dados confirmam a redução da desigualdade no País, porém em ritmo inferior ao do desenvolvimento econômico. "Nós percebemos a redução das desigualdades de uma forma clara. Ela revela o padrão de desenvolvimento da nossa economia, entretanto numa velocidade menor do que o grau de enriquecimento do País", avalia.
Houve redução da fome em todas as regiões brasileiras. Os destaques são o Sudeste, onde os alimentos eram insuficientes para 43,4% das famílias em 2003 e em 2009 a situação baixou para 29,4%, e o Norte (de 63,9% para 51,5%).
Apesar de comerem mais, as famílias brasileiras ainda não conseguem escolher os alimentos. Apenas 35,2% delas consomem sempre os alimentos "do tipo preferido", enquanto 52% nem sempre conseguem comer o que querem. Outras 12,8% das famílias "raramente" dispõem do tipo preferido.
Já as despesas mensais de consumo das famílias com transporte cresceram nos últimos anos e boa parte desse aumento pode estar associada à maior disponibilidade de financiamento para a compra de automóveis, avaliam os técnicos do IBGE. A POF mostra que, em 2009, a maior parte das despesas familiares de consumo (75%) estava com o trio transporte, alimentação e habitação, praticamente o mesmo porcentual de 2003.
Porém, enquanto a fatia da alimentação no total de despesas de consumo caiu um pouco entre 2003 (20,8%) e 2009 (19,8%), e o porcentual da habitação ficou inalterado em torno de 36%, no caso do transporte houve aumento de 18,4% para 19,6%, ou seja, parte dos gastos com alimentação foi deslocada para o transporte.
O gerente da POF, Edilson Nascimento Silva, disse que o aumento nos gastos com transportes está relacionado a dois fatores: maior disponibilidade de financiamento para compra de carros e alta nos preços dos combustíveis. Além do transporte, também subiram os gastos de consumo com assistência à saúde (6,5% para 7,2%), mas caiu a parcela voltada para educação (4,1% para 3%).
Outro dado interessante é que as famílias passaram a comer mais fora de casa. Entre os mais ricos, quase metade do gasto com comida ocorre fora do domicílio. "Esse tipo de despesa embute um pouco de lazer, de vida social, como sair para jantar. Mas reflete também o maior poder de compra", diz Sônia Rocha, economista do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade).
Segundo a POF, esses gastos (alimentação fora de casa) subiram e já representam 31,1% das despesas com alimentos. No último levantamento, de 2002-2003, o percentual era de 24,1%. Na área urbana, a alimentação fora do domicílio representava mais de um terço (33,1%) da despesa com esse grupo, enquanto na área rural a participação da alimentação fora de casa era de 17,5%. Em 2002/03, a alimentação fora do domicílio tinha peso de 25,7% no Brasil urbano e 13,1% no rural.
Desde a última pesquisa do tipo, outra mudança detectada nesse grupo foi o aumento dos gastos com alimentos mais caros, como carnes e frutas. O grupo de alimentos carnes, vísceras e pescados liderou os gastos com alimentação --21,9% da despesas com alimentação em 2008-2009, contra 18,3% em 2002-2003. Os gastos com frutas aumentaram de 4,2% para 4,6%. Já os com cereais e grãos caiu de 10,4% para 8% --o grupo inclui arroz e feijão.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo e da Folha de S.Paulo, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
Paulo Cesar Bastos
Feira de Santana - Bahia - Produção de gado de corte
postado em 24/06/2010
Essa é uma informação importante que mostra como o país está e o que acontece com a qualidade de vida das famílias brasileiras.
O custo com alimentação começa a pesar menos no bolso do brasileiro.Esse custo caiu bastante nos últimos anos. Isso não representa que estamos comendo menos, mas que o alimento está mais barato em relação à renda, devido à eficiência da produção no Brasil.O setor rural com seu trabalho e maior produtividade contribuiu para essa melhoria social.
O Sertão não virou mar, mas produz a comida de quem vive na beira do mar.Houve redução da fome em todas as regiões brasileiras, um aumento de renda e modificação dos hábitos.Com os preços dos alimentos mais baratos, sobrou dinheiro para outras coisas.Dinamismo na economia.
A produção agropecuária é a grande âncora da estabilidade monetária.É necessária essa compreensão, às vezes difícil, do óbvio.
É preciso uma conscientização e maior valorização do setor agropecuário como o grande indutor do desenvolvimento sustentável e sustentado do Brasil.Vale lembrar que trabalhamos sem os subsídios que são praticados nas economias mais desenvolvidas, o chamado Primeiro Mundo.Nossa eficiência e perseverança conseguem superar as carências.
Existem lugares para todos neste continental País, desde o cultivo familiar até estruturas produtivas empresariais.A agropecuaria não exclui, ao contrário, inclui.Valeu Boi.
PAULO CESAR BASTOS é engenheiro e produtor rural
paulocbastos@bol.com.br