O resultado do primeiro semestre de 2009 para a agricultura foi influenciado negativamente pela estiagem, iniciada no último trimestre de 2008, que afetou sobretudo a Região Sul, principal região produtora do país, e pelo menor uso de adubos e defensivos, que contribuíram para a redução da produtividade e da produção. Conforme estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de junho, a safra de grãos de 2009 deverá ser da ordem de 133,3 milhões de toneladas de grãos, resultado 8,7% inferior à safra recorde de 2008 (146,0 milhões de toneladas).
Segundo o IBGE, a produção de máquinas e equipamentos agrícolas despencou 36,6% no semestre, enquanto os bens de capital em geral registraram queda de 23,0% na mesma comparação. Já a produção de adubos e fertilizantes caiu 23,3% no primeiro semestre. A de inseticidas, herbicidas e outros defensivos para uso agropecuário teve decréscimo de 27%, sempre na comparação com igual período de 2008.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/MDIC), até junho de 2009, o volume exportado dos principais produtos da agroindústria apresentou as seguintes variações em comparação ao mesmo período de 2008: pedaços e miudezas de aves (-5,6%), carnes de bovinos congeladas (-14,3%), couros e peles de bovinos (-32,1%), sucos de laranjas (-4,0%), álcool (-25,2%) e óleo de soja em bruto (-8,4%). Por outro lado, houve aumento nas exportações de açúcar (50,5%), grãos de soja triturados (40,2%) e bagaços e outros resíduos da extração do óleo de soja (9,3%). "A receita do exportador diminuiu e o crédito também, com isso, os produtores agrícolas resolveram investir menos na safra", disse o gerente da pesquisa da agropecuária do IBGE, Fernando Abritto. O especialista considera que a queda de demanda no exterior devido à crise global foi o que mais afetou a queda da produção agroindustrial no semestre.
Ele afirmou também que uma alta de custos na produção de leite levou alguns produtores a sacrificar parte do rebanho leiteiro e vender a carne. As vacas leiteiras e bovinos reprodutores também são considerados investimento pela pesquisa do Produto Interno Bruto (PIB) e fazem parte da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que, porém, é integrada em mais de 90% por máquinas e equipamentos e construção civil.
O setor de produtos industriais derivados da pecuária apresentou retração de 4,1%. Os derivados de aves recuaram 3,3% devido à queda das exportações provocada pela menor demanda externa, principalmente, da Ásia e União Europeia. Os derivados da pecuária bovina e suína decresceram 3,5%, por conta da menor quantidade exportada para a Rússia e União Europeia. A produção de leite, produto predominantemente direcionado ao mercado interno, recuou 2,7%, enquanto a de couros e peles apresentou retração de 18,9%, impactada pelas exportações. O setor de produtos industriais utilizados pela pecuária decresceu 3,8%, com o grupo rações, de maior peso, recuando 10,0%, enquanto o de produtos veterinários avançou 28,1%.
Pelas comparações de trimestre com igual período de 2008, a queda dos produtos industriais com aves diminuiu do primeiro (-4,5%) para o segundo trimestre (-2,1%). Já a de bovinos, suínos e outras reses teve a redução aprofundada de 1,4% no primeiro trimestre para 5,5% no segundo. "Carne de ave é mais barata. Pode estar havendo alguma substituição", disse Abritto.
As informações são da Agência Estado e do IBGE, adaptadas e resumidas pela Equipe AgriPoint.
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