A mesa de abertura foi composta por Raquel Maria Cury Rodrigues, coordenadora do FarmPoint, pelo Professor Doutor Enrico Lippi Ortolani, Diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, pelo Professor Doutor Francisco Palma Rennó, Chefe do Departamento de Nutrição e Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, e pelo Professor Doutor Augusto Hauber Gameiro, Coordenador do Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal, o LAE da FMVZ/USP.
Foto 1 - Abertura do evento.
No dia 17, ocorreram 5 palestras proferidas por profissionais da área. Robson Leite, proprietário da Savana Food, falou sobre as exigências dos consumidores de carne ovina nos mercados e restaurantes e destacou que precisamos de alternativas para legalizar o abate de pequena escala. Para ele, o trabalho de vender 1 caixa de cordeiro é o mesmo de vender 1 carreta de boi.
A professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Alda Lúcia Gomes Monteiro, mostrou os resultados produtivos e econômicos de sistemas de produção de cordeiros. “A mão-de-obra e a alimentação apresentaram maior participação no custo de produção em todos os sistemas”, frisou ela.
Rodrigo Emediato, zootecnista com mestrado e doutorado nas áreas de nutrição e produção de ruminantes (Unesp Botucatu) e consultor da Progeny Consultoria Pecuária, palestrou sobre a viabilidade econômica da ovinocultura de leite e derivados no Brasil e concluiu que precisamos identificar o paladar dos brasileiros.
Na sequência, a zootecnista, produtora de ovinos, mestre e doutora pela Universidade de São Paulo (USP) de Pirassununga, Camila Raineri, discorreu sobre as características técnicas e econômicas de sistemas de criação no Estado de São Paulo. “Hoje na produção de ovinos temos problemas graves de soluções simples”, disse ela.
A última palestra foi ministrada pelo zootecnista, consultor na área de ovinocultura e gerente nacional de fomento da ovinocultura de corte da VPJ, Walter Celani Jr., que falou sobre as diferenças, o mercado e as implicações dos Animais de elite x Animais de produção. De acordo com ele, nós precisamos ajudar o produtor a ganhar dinheiro. “Hoje a ovinocultura é uma realidade e não uma experiência”, finalizou o palestrante.
No dia 18, ocorreu um mesa redonda com ovinocultores e a discussão foi pautada por novas ideias visando o desenvolvimento da ovinocultura nacional.
Foto 2 - Mesa redonda.
Dentro da porteira, foram destacados alguns itens:
1 – A base de uma ovinocultura sólida está na renda do produtor;
2 – Necessidade de melhoria de indicadores zootécnicos;
3 – Desafio na identificação de um sistema de produção apropriado;
4 – Gestão do custo de produção.
Fora da porteira:
5 – O sucesso da ovinocultura depende do sucesso da cadeia de suprimentos até o consumidor final;
6 – Integração vertical (criador + processador) e horizontal (criador + criador) parecem ser determinantes para o sucesso;
7 – Segmentação e diversificação de mercado parecem ser as estratégias dominantes a serem seguidas.
Na mesa redonda, Edson Siqueira Filho, médico veterinário da Pecora – Assessoria de Pecuária, destacou que precisamos posicionar a carne pois estamos há anos luz dos bovinos, que hoje têm preços diferenciados para diferentes cortes. “Queremos que a carne seja usada nos churrascos dos brasileiros. É um produto com alto valor agregado e além de produzirmos com qualidade, precisamos apresentar a carne com qualidade para o mercado”. Ele ressaltou que os animais de elite são criticados mas que fizeram um bom serviço quando fala-se de marketing da espécie. “Em 2008, tivemos o maior número de leilões e também, o maior consumo de carne ovina no Brasil. O que temos que aproveitar desse meio é a visibilidade e a promoção da carne. A elite esqueceu a base da cadeia, por isso, hoje temos que pensar em tecnologias para aumentar a eficiência de produção, nos custos e no melhoramento genético aplicado, pois não temos animais para produzir carne”. Ele finalizou o assunto comentando que o mercado está ávido por carne de qualidade e se quisermos aumentar a produção com qualidade, temos que fazer um trabalho de base, pensando na sanidade, melhoramento genético, nutrição e gestão empresarial do negócio.
O professor doutor Augusto Hauber Gameiro, Coordenador do Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal, o LAE, da FMVZ/USP, disse que os agricultores são mais organizados que os pecuaristas. “Nós precisamos pensar de forma empresarial. Hoje o agricultor é o novo pecuarista. Se ele não tiver produtividade, ele pode produzir alimentos para os animais que muitas vezes são da sua própria propriedade.
Camila Raineri lembrou que o produtor precisa dar atenção para as ovelhas, pois esquecem da qualidade genética delas. “Às vezes os produtores não descartam as ovelhas porque acham que elas servirão para quem está começando. Digo que vale a pena investir em qualidade genética de matrizes para não ocorrer prejuízo na etapa posterior, como falta de leite depois da parição, problemas no parto, etc. A genética da fêmea é tão importante quanto a genética dos machos”, completou ela.
Sérgio Savassi, produtor de ovinos de Patos de Minas/MG, citou a falta de opção do pequeno produtor em vender as ovelhas e borregas para os açougues tradicionais. “Temos uma demanda boa e não podemos colocar o produto no açougue por causa da vigilância sanitária e perseguição política na comercialização da carne clandestina. Se todos os municípios tivessem um frigorífico municipal, seria uma ótima saída. O que empurra nós hoje são os grandes frigoríficos. Falta incentivo para a agricultura familiar e se não encontrarmos a solução doméstica para nós mesmos, não tem jeito”.
Gameiro deu sequência comentando que hoje temos o preço do cordeiro mas não temos o índice de custos de produção das regiões, algo que seria muito interessante. “A agropecuária é altamente concorrencial, se conseguir remunerar todos os seus fatores de produção e ainda der poupança está bom”.
Marcos Ronca, zootecnista, produtor de ovinos e consultor da Via Verde Consultoria, frisou que a maior margem que temos para mexer são os custos. “Quando eu comecei, há 5 anos atrás, o que mais impactou minha produção foram as ovelhas, pois foram as que mais deram problema. Com base nisso, fui atrás de produtores que possuem dados sobre DEP, o que é muito difícil. Partindo desse princípio, resolvi começar novamente do zero e fazer um controle rígido do rebanho, índices, etc. Hoje já tenho uma parceria com a USP e algumas características estão sendo avaliadas na minha propriedade para gerar DEP´s. Além disso, diversifico a minha produção com outras culturas como café e eucalipto”. Marcos também destacou que temos que nos atentar para a certificação da carne. “Alguns donos de frigoríficos não são parceiros. Normalmente colocam um prazo de 45 dias para pagar e algumas vezes não arcam com esse compromisso e você tem que ficar cobrando. A indústria deveria enxergar o produtor como algo fundamental”.
O produtor de ovinos de São João da Boa Vista/SP, Isaías Valim, contou a sua história na ovinocultura e disse que hoje está agregando valor no que está produzindo. “Estou aproveitando tripas e couro. Antes eu jogava a barrigada fora. Consegui também levar o jovem aprendiz do SENAR na minha propriedade e já tenho alguns alunos trabalhando meio período. Busco constantemente maneiras de reduzir os custos. Um dos meus problemas é que não tenho um médico veterinário especializado para tratar da saúde dos animais”.
No fim da mesa redonda, os participantes também discutiram a falta de comunicação entre universidade e produtores. No período da tarde, o grupo fez uma visita para uma cabanha de ovinos.
Foto 3 e 4 - Visita técnica.
Raquel Maria Cury Rodrigues, Equipe FarmPoint.
Luciano Piovesan Leme
Barbacena - Minas Gerais - OUTRA
postado em 22/04/2013
Prezada Raquel,
Parabéns pelo evento e a permanente discussão de temas como os que foram abordados são muito importantes para toda cadeia.
O NUCCORTE e todos associados colocam-se ao inteiro dispor para de forma conjunta trabalharmos iniciativas que fortaleçam a ovinocultura nacional.
Atenciosamente,
Luciano Piovesan Leme
Presidente do NUCCORTE
Barbacena - MG