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Inflação de alimentos pode ser menor em 2009

postado em 20/11/2008

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A inflação de alimentos pode ser menor em 2009, mesmo com as previsões de redução da produção agrícola no Brasil e no mundo e de aumento na demanda global por alimentos. A explicação para a tendência de baixa nos preços, a despeito dos fundamentos de oferta e demanda, está nos fundos de investimentos, de acordo com o professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Alexandre Mendonça de Barros. De acordo com ele, os fundos de investimento tiveram papel preponderante na alta dos preços das commodities agrícolas em 2006 e 2007. "Agora, sua saída dos mercados futuros agrícolas contribuirá para que os preços se mantenham próximos das médias históricas."

Mendonça realizou um estudo sobre os efeitos do aumento da produção de biocombustíveis sobre a inflação de alimentos entre 2006 e 2008 e observou que, nesse período, o movimento de especuladores nas bolsas de commodities cresceu vertiginosamente, exercendo mais influência sobre preços que a relação de oferta e demanda de matérias-primas. Entre janeiro e abril de 2005, a posição comprada dos contratos futuros operados por especuladores representava em média 25,2% do total. No mesmo intervalo de 2008, a porcentagem era de 48%, chegando em alguns momentos a 70% do total de contratos negociados. "Com a crise, os fundos venderam praticamente todos os contratos e os preços baixaram. Acho difícil que eles voltem a especular com commodities, já que com a crise a maioria dos investidores deixou de aplicar em fundos de investimento", afirmou.

No caso brasileiro, a desvalorização do real frente ao dólar anulou parte do efeito da queda nos preços internacionais. "Uma parcela da queda de preços no exterior não foi ainda absorvida pelo mercado doméstico e como o dólar ficou mais estável, é possível que se note melhora nos dados de inflação", ponderou Mendonça. A inflação mais baixa dos alimentos prevista para 2009, no entanto, não será suficiente para que a inflação brasileira volte a patamares inferiores aos 4,5% estabelecidos como meta pelo governo.

Em termos globais, ele prevê manutenção na demanda por alimentos, tendo em vista que parte dos países emergentes ainda sinaliza crescimento econômico em 2009, como o Brasil. "A demanda por alimentos é inelástica. Mesmo em recessão, os países ricos não devem reduzir drasticamente o consumo", disse. Para o Brasil, as perspectivas são de safra menor e demanda maior. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta para o ciclo 2008/09 produção de no máximo, 141,8 milhões de toneladas de grãos, o que representaria queda de 1,4% sobre a safra atual. O coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio da FGV e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, salientou que os custos de produção estão 30% mais caros e os produtores investiram menos. "Há mais risco de perdas com clima."

A reportagem é de Cibelle Bouças para o jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela equipe AgriPoint.

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