Diante das medidas para contenção do crédito e enxugamento da liquidez anunciadas na sexta-feira, porém, "prevaleceu o entendimento entre os membros do Comitê de que será necessário tempo adicional para melhor aferir os efeitos dessas iniciativas sobre as condições monetárias". E acrescentou que "irá acompanhar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".
A decisão confirmou a expectativa tanto dos analistas que respondem ao boletim Focus quanto do mercado de juros futuros, já que as medidas adiaram a urgência da alta de juros, que fica para o início de 2011.
Em pronunciamento durante a reunião trimestral com economista, no último dia 25, Henrique Meirelles, que deixa a presidência do BC, explicou que os problemas detectados no banco PanAmericano já eram conhecidos pelo BC desde junho e indicou que essa informação exerceu forte influencia na redução do ritmo de alta da Selic. Naquele mês, o Copom elevou os juros para o patamar atual, de 10,75% ao ano, e interrompeu a trajetória de aperto monetário, contrariando as expectativas coletadas junto ao mercado que esperava uma elevação maior.
A fala de Meirelles foi interpretada como a senha para a retomada da alta dos juros em dezembro, para combater os efeitos do choque de preços dos alimentos. Mas o aumento do depósito compulsório dos bancos no BC derrubou os juros futuros e restaurou o cenário de estabilidade para a Selic em 2010.
A reunião de ontem (8) foi singular. Na sala do Copom estavam presentes o presidente que sai, Henrique Meirelles, e o que assumirá o posto em janeiro e atual diretor de Normas, Alexandre Tombini. Já sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, a indicação de Tombini ainda terá que ser aprovada pelo plenário daquela casa, o que deve ocorrer na próxima terça-feira.
A matéria é de Claudia Safatle e Fernando Travaglini, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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