"Quando falamos em dificuldades na ovinocaprinocultura, automaticamente associamos o abate clandestino como entrave.
Deixando de lado a questão do certo ou errado, e implicações de ordem sanitária, atualmente, o abate clandestino não é vilão, é solução. A maioria dos projetos de criação de ovinos e caprinos acaba-se tornando "viável" (entenda-se redução de prejuízos) graças ao abate informal.
A estrutura frigorífica é praticamente inexistente, ou, ainda é muito amadora. Não existem projetos industriais sólidos que possamos contar na hora de vender a produção. Produzir o animal que o mercado quer é relativamente fácil. Comercializá-lo é difícil. Quando o produtor toma a iniciativa de ir atrás da comercialização e terceirizar o abate, as taxas cobradas são excessivamente caras, girando em torno de 10-20% do valor da carcaça, pela prestação de serviços de abate e entrega conforme as normas, sem acrescentarmos impostos.
A procura de animais abatidos na propriedade é maior do que nos pontos de venda. Não é raro encontrarmos criadores que tem escala de abate clandestino, por exemplo 2 ou 3 animais por semana, sem falar das festas de fim de ano. Talvez, o passo inicial seria aceitarmos que essa modalidade de abate, apesar de prática criminosa, é a principal forma de comercialização neste ramo e não existem perspectivas a longo prazo de revertemos esse quadro. Já que não vamos extinguir o abate clandestino, poderíamos pensar, talvez, em orientá-lo, ao invés de simplesmente fecharmos os olhos e dizermos que é proibido."
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