A superintendência foi assumida interinamente pelo adjunto José Euclides Severo. A operação conjunta da PF, do Ministério Público Federal (MPF) e da Controladoria Geral da União (CGU) incluiu o cumprimento, em Porto Alegre e Sapucaia do Sul, de seis mandados de busca e apreensão e quatro de condução coercitiva. Além de Signor e Sobrosa, os demais envolvidos são Elidiana Maróstica, exassessora de Signor, e o marido dela, Ricardo Souza Lemos, dono da empresa Delta Compensados, que também teria participação no recebimento e na distribuição de propinas. Os crimes investigados incluem corrupção ativa e passiva, advocacia administrativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Segundo a Polícia Federal, o grupo agia em benefício de empresas do setor agropecuário e agroindustrial "mediante a redução dos valores de multas aplicadas, manutenção de processos de autos de infração sobrestados por longo espaço de tempo, avocação de processos para evitar a cobrança das multas, e em determinados casos, agilização de procedimentos de liberação".
E que "em algumas circunstâncias havia um tratamento diferenciado para empresas e empresários que solicitavam providências não convencionais à administração estadual do órgão, tais como a remoção de fiscais federais agropecuários muito rigorosos". Algumas empresas eram inclusive avisadas das fiscalizações.
"Outra prática também flagrada na investigação envolveu pagamentos de propina a agentes públicos por empresa prestadora de serviços relacionados aos eventos promovidos" pela superintendência regional do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul, informou a Polícia Federal. Conforme o MPF, as investigações começaram em novembro de 2013. O procurador da República Adriano dos Santos Raldi acrescentou que "supostas influências" no andamento das fiscalizações relativas à Operação Leite Compen$ado, do Ministério Público Estadual, que apura casos de adulteração de leite no Estado, reforçaram ainda mais as evidências contra os suspeitos.
A seção do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa) no Rio Grande do Sul informou que alertou o MPF, em setembro de 2013, sobre a "interferência do superintendente na atividade de fiscalização". De acordo com a Anffa, Signor não é fiscal agropecuário de carreira e é proprietário de uma empresa de transporte de alimentos.
As informações são do Jornal Valor Econômico.
Abaixo a nota divulgada pelo Assessoria de Comunicação Social do MAPA:
"O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento está tomando conhecimento dos elementos do processo relacionado à Operação Semilla e, com base neles, adotará as providências cabíveis.
Em cumprimento à ordem do juiz federal José Paulo Baltazar Júnior, da 11ª vara Federal de Porto Alegre, o ministério exonera dos cargos comissionados que ocupavam o superintendente Francisco Natal Signor e o servidor Sérgio Luiz da Silva Sobrosa. A pasta também afasta o servidor Sérgio Sobrosa.
Ainda em cumprimento à ordem judicial, Signor, Sobrosa e a ex-servidora do Mapa Elidiana Maróstica estão proibidos de ter acesso à Superintendência Federal do Mapa no RS e a qualquer outro prédio que funcione a serviço do ministério.
Além disso, o ministério suspendeu quaisquer pagamentos pela Superintendência Federal de Agricultura do RS, em decorrência de contratos administrativos, à empresa Ícone Eventos e Viagens, conforme determinação do juiz federal".
Wagner Beskow
Cruz Alta - Rio Grande do Sul - Pesquisa/ensino
postado em 15/05/2015
Eis mais um caso da raposa sendo colocada a cuidar do galinheiro, prática que parece ter se tornado comum, num Brasil corrupto que não para de nos surpreender.
Este senhor era o chefe de todo o Ministério da Agricultura do RS, órgão dos mais antigos e respeitados da federação. Como pode ser colocado nas mãos de alguém que não é de carreira (leia-se afilhado político), dono de empresa do setor?
Onde está a responsabilidade de quem o nomeou? Os FFA chegaram a paralisar suas atividades em protesto a esse senhor, pedindo nomeação de pessoal de carreira. O que fez o então ministro da época? O que fez a atual, ao assumir? Vão nomear outro "político", novamente, para um cargo eminentemente técnico e sensível como este?
Dona Kátia, estamos de olho. É hora de mostrar seriedade nesse governo e alguém tem que começar.
A pergunta que não quer calar: e o que está sendo feito em outras UF? Só o RS tem gente corrupta? Interessante.