"Talvez uma grande parte da ovinocultura de corte no Brasil possa repetir o sucesso dos queijeiros e produtores artesanais de vinhos europeus. Pequenos, mas extremamente eficientes, produzindo com excelência e qualidade superior dentro de suas chácaras.
E assumindo todas as fases da produção, até a venda ao consumidor final. E lá são produtos alimentícios também, de alta perecibilidade, como o queijo, ou sensibilidade, como o vinho.
A outra parte da ovinocultura de corte, composta pelos grandes investidores e pelas propriedades com maior cacife tecnológico e financeiro, incluindo as de médio porte, pode muito bem alimentar a cadeia dos frigoríficos, que precisam de escala de produção para sobreviverem. É possível a convivência? Parece que sim.
No setor de carne bovina, os açougues e supermercados do interior estão convivendo com os frigoríficos há quase um século. Compram bois, vacas e novilhas, na maioria das vezes de sitiantes, abatem em matadouros municipais e vendem a carne para suas cidades ou bairros. Nenhum frigorífico quebra por causa dessa concorrência...
O Brasil caracteriza-se pela diversidade e pelo grande número de pequenas propriedades, espalhadas por regiões amplas e distantes umas das outras. Os centros de consumo da carne de cordeiro, entretanto, estão cada vez mais aproximando-se dos produtores, nas cidades médias e grandes, que continuam frutificando no interior.
Para nós, do estado de São Paulo, por exemplo, basta rodar algumas dezenas de quilômetros e já estamos numa cidade de porte médio, com vários restaurantes, hotéis e açougues tipo boutique. O ovino é um animal leve e de fácil processamento, facilitando a venda a varejo. Um produtor com alguma estrutura ou um grupo de produtores de menor porte, associados ou cooperados, podem abastecer esses estabelecimentos, desde que sigam as regras de higiene e sanitárias.
E os frigoríficos vão abastecer os mercados de grande escala, como as capitais, os grandes centros e as redes de supermercados, além do mercado externo.
Porém, a legislação para abate é dura, cega, autoritária, contraproducente e, cá entre nós, cheia de frescuras. Assim é com quase tudo em que os órgãos oficiais se metem a regular no Brasil (vejam o exemplo da legislação ambiental).
Até matadouros municipais, bem estruturados, são fechados e proibidos devido a algum mero detalhe. E aí o problema ultrapassa a porteira. Mudar a legislação e evitar a caneta do fiscal é coisa pra gente grande.
E pequeno só fica grande se juntar com muitos outros pequenos. Este fórum aqui no FarmPoint já é um começo.
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Marco Aurélio de Lima Vidotti
Presidente Prudente - São Paulo - Produção de ovinos
postado em 05/04/2009
Caro Amigo e parceiro produtor Mário Sérgio, parabens pelo seu artigo ,palavras sabias e verdadeiras...