Atualmente, o mercado de lã considera o diâmetro da fibra um ponto central, com oscilações que vão de US$ 2 a US$ 6 por um quilo de velo. Inclusive, foram feitos negócios pontuais de Merinos superfinos que superaram os US$ 7, para finuras médias abaixo de 20 micra.
A importante queda no rebanho ovino divulgada há algumas semanas determinou que o Secretariado Uruguayo de la Lana (SUL) revisará para menos sua estimativa de produção de lã para esta safra, levando-a de 45 milhões para 42 milhões de quilos. Este volume é 5% menor do que a produção do ano passado, quando superaram os 44 milhões de quilos.
Os trabalhos de tosquia estão atrasados por causa das intensas chuvas ocorridas ultimamente, de forma que a oferta disponível é disputada por uma indústria firmemente interessada na mercadoria.
Para as lãs finas, os preços atuais estão entre os mais altos em mais de 25 anos. Para a raça Ideal, os preços oscilam entre US$ 4 e US$ 4,5, enquanto para Merinos comuns (20 a 22 micra), o preço varia entre US$ 5 e US$ 6.
A situação no Uruguai é um reflexo do que ocorre em nível internacional, onde os preços têm evoluído de maneira diferencial nos últimos anos. Embora a finura de 28 micra apresenta atualmente o mesmo nível que há cinco anos, as de 19 e 21 micra estão 40% e 60% mais caras que em 2003. No caso de 25 micra, o aumento chega a 10%.
Além de existir uma tendência estrutural ao melhor posicionamento de lãs finas com base nos sinais da demanda e dos melhores preços conseguidos por captar os mercados de alto valor no setor de vestimentas, há um fato de particular incidência nesta tendência. O forte aumento do mercado ocorreu no começo de 2006, quando se consolidou a redução da produção de lã australiana (maior produtor e exportador do mundo de lãs finas).
O rebanho ovino australiano vem baixando nos últimos anos por causa da seca, o que se traduz em uma menor produção de lã safra após safra. As últimas estimativas são de produção de 395 milhões de quilos no ciclo de 2007/08, 7% a menos que no ano anterior e 14% a menos que há dois anos.
A especialização produtiva australiana determina que mais de 60% de toda a lã produzida no país é igual ou menor a 21 micra, o que significa que, durante esta safra, haverá 20 milhões de quilos a menos no mundo para este tipo de lã.
O Uruguai, juntamente com um grupo reduzido de países produtores de lã do mundo (África do Sul, Nova Zelândia e Argentina) pode fornecer sua parte a este valioso nicho de mercado. O projeto Merino Fino e o Clube de Merino vêm crescendo no país, confirmando que se pode produzir este tipo de lã e receber os mesmos preços do mercado internacional.
A reportagem é da Consultora Seragro, publicada no El País.
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