De acordo com os dados da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Minas Gerais (Caprileite/Accomig), o segmento cresceu cerca de 30% no ano passado sendo que as previsões iniciais apontavam incremento próximo a 20%.
As expectativas de desenvolvimento da caprinocultura em Minas Gerais continuam positivas para os próximos anos. A atividade é voltada principalmente para a produção de leite e de queijos finos. O setor deverá registrar alta de produção superior a 30% em 2011, alavancada pelo ingresso de novos interessados no negócio e regulamentação de produtores antes considerados ilegais.
Um dos principais fatores que irão alavancar a atividade em Minas é a demanda aquecida pelo leite e derivados, que vem sendo divulgada com mais amplitude, reforçado pelo seu caráter nutritivo e pelos preços valorizados. A demanda pelos produtos gerados pela atividade cresce cerca de 50% ao ano.
De acordo com os dados da Caprileite/Accomig, em 2010 o setor produziu cerca de 60 mil quilos de produtos diversos no Estado, o que representa aumento de 30%. A variação expressiva é atribuída à maior divulgação dos benefícios que os produtos proporcionam para a saúde e a regulamentação da atividade.
Outra vantagem são os valores de mercado. O preço pago ao produtor é de R$ 1,40 por litro de leite, e no supermercado pode chegar a R$ 3,50. Na comparação com o leite de vaca, a diferença pode chegar a 40% nos valores pagos aos produtores.
Proporcionalmente, a cabra produz duas vezes mais leite do que a vaca. Já no caso do queijo de cabra, o quilo é comercializado a R$ 23 para o produtor. O valor nos supermercados varia de R$ 30 a R$ 40 por quilo. "Depois que conseguimos regulamentar a atividade no Estado temos a certeza que tanto a caprinocultura como a ovinocultura terão crescimento expressivo nos próximos anos. Os produtores estão otimistas com a possibilidade de regulamentar a produção e comercializar com as redes supermercadistas. Todos ganham com a modificação, o consumidor com produtos de qualidade garantida e os produtores que conseguem agregar maior valor à produção", disse a presidente da Caprileite/Accomig, Aurora Maria Guimarães Gouveia.
A expectativa é continuar em expansão ao longo de 2011. Uma das metas para este ano também é desenvolver a ovinocultura de leite e corte no Estado. Os trabalhos neste ano poderão ser desenvolvidos devido à regulamentação da atividade que foi feita beneficiando tanto a caprinocultura como a ovinocultura.
Em abril do ano passado, o governo de Minas assinou a Portaria nº 1.059, a primeira medida para legalizar a comercialização de leite no Estado. A expectativa é que, no curto prazo, seja regulamentada a situação dos pequenos e médios produtores e ocorra incremento nos investimentos e na qualidade do rebanho caprino do Estado.
"Queremos desenvolver vários projetos em parceria com os produtores e com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). Um dos objetivos é implementar a atividade junto aos produtores da agricultura familiar que terá grande papel social e econômico para as famílias mineiras", ressaltou Aurora.
O projeto que será desenvolvido este ano tem como objetivo atrair novos produtores para a atividade. No caso da agricultura familiar a ideia é incentivar a criação de rebanhos pequenos, cerca de 10 animais entre caprinos e ovinos. A produção dos caprinos seria voltada para a subsistência. O excedente da produção dos ovinos é destinado à fabricação de queijos e iogurtes.
Também está no projeto a construção de laticínios. Antes os caprinocultures mineiros não investiam na construção das unidades industriais e na expansão da produção, já que estavam sujeitos à fiscalização por desenvolver uma atividade clandestina. "Os laticínios especializados em produtos do setor são poucos no país, por isso queremos atrair investimentos para o Estado. Estamos desenvolvendo um projeto em Caxambu e a ideia é que os produtores da região invistam nos rebanhos e forneçam a matéria-prima para a indústria", disse Aurora Gouveia.
De acordo com a presidente da Caprileite/Accomig, Aurora Gouveia, a regulamentação estadual veio para atender à demanda de quase quatro décadas dos pequenos e médios produtores de leite de cabra do Estado que mantinham a atividade na ilegalidade. A falta de regulamentação estadual para o setor impedia o desenvolvimento da atividade. Apesar do crescimento do mercado, principalmente para leite e queijos finos, os produtores do Estado estavam desmotivados em investir no segmento pela atividade ser considerada clandestina.
A demanda pelos produtos gerados pela atividade cresce cerca de 50% ao ano. Outros estados que começaram a produção depois de Minas Gerais, como Santa Catarina e São Paulo, já regulamentaram a atividade que está em plena expansão.
O rebanho de cabras em Minas Gerais é composto por cerca de 220 mil cabeças, sendo 110 mil fêmeas em lactação, que respondem por uma produção mensal da ordem de 10 mil litros.
A criação mineira é pulverizada. Cerca de 90% da produção são destinados à fabricação de queijos finos e leite. A associação possui cerca de 120 produtores cadastrados. No Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o número de criadores inscritos é de 1,2 mil, sendo a grande maioria de pequeno porte.
Em Minas Gerais, a criação de caprinos é mais forte na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e cidades próximas à Capital, com destaque para Divinópolis, Contagem, Itabirito e Betim, que estão muito ligadas ao turismo rural ou ao consumo nas grandes cidades.
Além disso, existem bacias leiteiras em Juiz de Fora, Muriaé e Ubá, na Zona da Mata, além de Poços de Caldas, São Lourenço, Alfenas e São Gonçalo do Sapucaí no Sul de Minas.
A reportagem é do Diário do Comércio, adaptada pela Equipe FarmPoint.
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