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Ministério da Agricultura tem reforma lenta

postado em 09/02/2012

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O Ministério da Agricultura ainda patina desde a posse do ministro Mendes Ribeiro, em agosto do ano passado. Ao assumir o cargo, Mendes prometeu uma reformulação para "enxugar" e "dar gestão" à Pasta, extinguindo secretarias e mudando a estrutura deixada pelo antecessor Wagner Rossi. As iniciativas, porém, não têm saído na mesma velocidade prometida pelo ministro.

Os problemas começam na indicação da equipe. Desde que assumiu, Mendes Ribeiro, dileto amigo da presidente Dilma Rousseff e de seu ex-marido Carlos Araújo, encontra resistência dos partidos que não querem perder seus apadrinhados políticos no ministério. A cada mudança, surge a necessidade de ter o respaldo do Palácio do Planalto para mandar embora o ocupante de cargos mais relevantes. Em 2011, Mendes fez pouco mais de uma dezena de mudanças, a maioria em superintendências federais, cuja importância administrativa é reduzida.

Neste ano, apenas dois cargos de alto escalão foram alterados. O secretário de Produção e Agroenergia, Manoel Bertone, pediu exoneração. Em seu lugar, assumirá o diretor de Cana-de-Açúcar e Agroenergia, José Gerardo Fontelles, que já havia sido secretário-executivo de Rossi e diretor de programas. A outra mudança foi a saída do diretor de Negociações Sanitárias e Fitossanitárias, Otávio Cançado, substituído pelo subsecretário de Relações Internacionais do Agronegócio, Lino Colsera.

Na próxima semana, de acordo com fontes do alto escalão do ministério, estão previstas mais duas mudanças na Pasta. O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Evangevaldo Santos, indicado pelo líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), deve pedir demissão nos próximos dias. Ele deve ser substituído pelo gaúcho João Carlos Bona, homem de confiança de Mendes Ribeiro, atualmente na Diretoria Financeira da estatal.

Alguns desses problemas prejudicam a rapidez de ação do ministério. O embargo da Rússia à compra de carnes brasileiras, iniciado em junho de 2011, ainda não foi resolvido. A barreira foi colocada em segundo plano pelo ministério, já que os exportadores abriram novos mercados para as carnes e reduziram a dependência de Moscou. Uma fonte que acompanha as negociações disse que a dificuldade em resolver o problema esbarra em questões políticas e comerciais. Mas o prejuízo é evidente. A Rússia encolheu de 5,9% para 2,4% sua fatia nas exportações do agronegócio brasileiro em janeiro, na comparação com o mesmo mês de 2011. A queda se deve, principalmente, ao embargo.

Além disso, a febre aftosa voltou a rondar o país após a descoberta de um foco no Paraguai, e a vigilância do governo tem se mostrado frágil. A lentidão nas respostas dos dois casos, do embargo e da aftosa, segundo uma fonte da pasta, deriva de uma briga política entre o secretário de Defesa Agropecuária, Francisco Jardim, e o diretor de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Luiz Carlos de Oliveira.

A crise gerada pela seca no Sul ainda não recebeu uma resposta enfática. Por enquanto, foram anunciados apenas pequenos repasses de dinheiro para a perfuração de poços artesianos e compra de equipamentos, além da promessa da avaliação das perdas para cobertura de seguros agrícolas.

O deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS) diz que existem quase R$ 8 bilhões em dívidas somente de produtores de arroz, maçã, soja e suínos, principalmente no Sul do país. "O governo concorda que temos problemas nessas áreas, mas o produtor não tem como agir sozinho por não ter crédito", critica Heinze. O governo, segundo o deputado, quer renegociar dívidas e conseguir soluções estruturais, como ampliar a irrigação em áreas que sofrem frequentemente com a seca crônica. Mas as respostas concretas ainda não vieram.

Críticos da gestão do ministro Mendes Ribeiro lembram que ele precisou se ausentar em duas oportunidades para tratar de um câncer no cérebro. Ao todo, o ministro esteve de licença médica em três períodos. O primeiro, de 17 a 22 de outubro. O segundo de 27 de outubro a 6 de novembro e o último, de 6 de novembro a 20 de novembro.

As informações são do jornal Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe FarmPoint.

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