A França, em especial, quer combater a volatilidade nos mercados de commodities, plano que tem como uma prioridade de sua presidência no G20. "O ponto de partida foi evitar que o século 21 seja o século da fome", declarou o ministro da agricultura da França, Bruno Le Maire, na semana passada. "Acreditamos que a comunidade internacional não entenderia se não tomássemos decisões."
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) prevê que o mundo precisará produzir 70% mais alimentos até 2050. Mas espera que o crescimento da produção agrícola desacelere para 1,7% ao ano até 2020, ante 2,6% ao ano ao longo da década anterior, de acordo com suas últimas estimativas. Tal combinação ajudou a puxar os preços para cima e a consumir os estoques.
Especialistas dizem que é possível melhorar as técnicas agrícolas. "As reservas não são infinitas, mas ainda há espaço para aumentar a oferta", disse a especialista agrícola da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Carmel Cahill. "Há terras na América Latina, na África e nos arredores do Mar Negro. Há grandes vácuos de produtividade que podem ser reduzidos com educação, irrigação e insumos", como fertilizantes.
Mas, para que produtores sintam o benefício de preços mais altos, a França argumenta que a especulação nos mercados de derivativos de commodities precisa ser regulada. "A elevação dos preços das commodities é a principal ameaça ao crescimento", declarou recentemente o presidente Nicolas Sarkozy, em conferência em Bruxelas. O total de investimentos de dinheiro gerenciado em commodities agrícolas atingiu um recorde de US$ 126 bilhões até 31 de março, mais do que os US$ 55 bilhões registrados durante o boom dos preços das commodities em 2008, de acordo com dados do Barclays Capital.
Mas o economista da FAO Abdolreza Abbassian comentou que o encontro de ministros desta semana não deve se concentrar num aumento da regulação dos mercados. Em vez disso, ele avalia que os ministros do G20 avaliarão com mais atenção o tema da transparência nos mercados físicos, estabelecendo uma base de dados semelhante à do mercado de petróleo - criada na Iniciativa Conjunta de Dados de Petróleo, em 2001, para fornecer informações sobre oferta e demanda globais.
Abbassian entende que a melhora da transparência nos mercados físicos automaticamente reduziria a influência dos investidores na volatilidade dos preços. "Quanto mais dados estiverem sob domínio público, menos espaço haverá para especulação", deduziu.
A versão de alimentos do banco de dados se chamaria Sistema de Informação de Mercado Agrícola (Amis, na sigla em inglês). Seria sediado na FAO, em Roma, e incluiria dados sobre estoques e produção. Economistas dizem, no entanto, que pode ser difícil convencer países como a China a liberar informações sobre suas estratégias comerciais. Já a Rússia deve ser uma força contrária às propostas de limitar as intervenções dos governos nos mercados de exportação. O francês Le Maire disse que seria impossível acabar com as restrições de exportação, mas acredita que elas poderiam ser limitadas.
As informações são da Dow Jones, publicadas na Agência Estado, resumidas e adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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