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NE: semiárido acredita na expansão da caprinocultura

postado em 22/11/2010

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Dá bode no almoço e no jantar. Não só buchada de bode e bode assado, mas também risoto, pirão, fondue e até pizza de bode. O semiárido nordestino em que se localizam Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) é o maior produtor e consumidor nacional do animal. A região já negocia carne, leite e pelo de bode e começa também a vender o sêmen do animal, cujo mercado movimenta cerca de R$ 50 milhões por ano, segundo produtores.

Petrolina e Juazeiro somam 300 mil cabeças e têm o maior consumo per capita do país - dez quilos por ano, diante de 500 gramas da média nacional. De acordo com a Embrapa, entre as carnes mais consumidas no mundo, a caprina é a mais magra (contém o menor teor de gordura). Por exemplo, a cada 100 gramas de carne assada ao forno, a carne caprina apresenta 2,75 gramas de gordura, em comparação com 3,75 gramas da de frango, 17,14 gramas da bovina e 25,74 gramas da suína. O fato de ser uma carne mais magra é apontado como razão para otimismo na expansão do mercado de caprinos e ovinos.

"Existe rejeição do bode em razão do mau cheiro", declara José Ramos da Silva Filho Ramos, produtor de caprinos de Juazeiro. "Mas há hoje raças que foram melhoradas suficientemente para que esse cheiro seja insignificante", completa ele. Muitos produtores de carne de bode castram os animais, provocando redução no funcionamento das glândulas produtoras do feromônio e, consequentemente, do cheiro que produzem. Há ainda a possibilidade de extrair as glândulas, medida que pode ser tomada no momento do abate do animal ou na cozinha, antes de levar a carne para o fogo. Como existem muitos pequenos produtores no Nordeste, é comum o consumo de carne de bode com cheiro, o chamado "futum", apesar de circularem receitas paliativas entre cozinheiras.

O Bodódromo de Petrolina, a 740 quilômetros de Recife, define-se como o maior complexo gastronômico ao ar livre da América Latina. Pelo nome, deveria ser um santuário do consumo de bode, mas a carne mais consumida ali é a de carneiro, apesar de o cardápio informar outra coisa. Oferece-se no cardápio da buchada ao filé de bode, mas basta perguntar ao garçom para ser informado que a carne que se vende é a de carneiro. "O pessoal tem preconceito", disse um dos garçons do restaurante Bode Assado do Isaías, que forma com o Curaçá e o Geraldo Bode Assado a tríade dos melhores da região.

O único restaurante que vende carne de bode se chama Buchada & Cia. O carro-chefe está no nome da casa, que serve ainda sarapatel - prato criado à base de miúdos do animal. A buchada é um ensopado com estômago (bucho), pulmão, fígado, coração e língua. São cozidos costurados no bucho e servidos com batata e cenoura, temperados com coentro fresco. O preço: R$ 13. O sarapatel sai a R$ 3. Vários restaurantes expõem ao ar livre a carne que será consumida. Ficam em varais, perto de grandes assadores. O frequentador pode escolher a carne que pretende comer.

Instalado ao ar livre, num espaço de quase 30 mil metros quadrados, o bodódromo é formado por dez restaurantes, churrasqueiras, banheiros, quiosques com comércio e serviços e uma área de festas.

A reportagem é do jornal Folha de S.Paulo, resumida e adaptada pela Equipe FarmPoint.

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