O Nordeste concentra 9 milhões de cabeças de caprinos, o que significa 93% do rebanho nacional. Além de 6 milhões de ovinos, número equivalente a 56% de toda a criação brasileira. "Fizemos diversos contatos com essas instituições e o objetivo é interagir em projetos com esses países", explica Francisco Selmo Fernandes Alves, pesquisador e supervisor de comunicação e negócios da área de caprinos e ovinos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/Ceará).
Para Luiz Alberto Amorim, diretor do Sebrae Paraíba, coordenador do Projeto Aprisco Nordeste e um dos responsáveis pela missão internacional, o modelo de subsistência, predominante na caprinocultura do Nordeste, chegou no seu limiar com o crescimento de demanda. "Nosso propósito é buscar modelos bem-sucedidos e que tenham características próximas com a nossa identidade, como são os casos da Espanha e Portugal, para servir de espelho dentro da visão empresarial que buscamos implementar para o setor", resume.
A forte atuação do Estado na atividade explica os investimentos. Instalada em Sobral, no Ceará, a Embrapa Caprinos e Ovinos será brindada com uma injeção de recursos da ordem de R$ 7,1 milhões ao longo de 2010. Desse montante, cerca de R$ 4 milhões serão provenientes de instituições de fomento como a Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e Banco do Nordeste do Brasil (BNB). O restante virá da "bancada federal do Estado do Ceará através de uma emenda parlamentar".
"Hoje temos uma carteira ativa destinada ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar de R$ 801 milhões, envolvendo 219 mil operações. Desse total, R$ 87 milhões, o correspondente a 76 mil operações, são voltados para a ovinocaprinocultura", afirma Luís Sérgio Farias Machado, superintendente de agricultura familiar e micro finança rural do BNB. O Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), cujo objetivo é promover e difundir conhecimentos técnicos e científicos que subsidiam a ação do BNB, na busca do desenvolvimento sustentável do Nordeste, também disponibiliza uma linha de financiamento ao setor.
Segundo ele, no início do segundo semestre será lançado um edital no valor de R$ 1 milhão para contemplar o segmento. "Temos uma tecnologia avançada e é preciso difundi-la." Outro ponto que merece destaque na região é o programa de produção de leite de cabra direcionada à merenda escolar na Paraíba e no Rio Grande do Norte. "Esses dois Estados produzem, juntos, diariamente, ao redor de 30 mil litros de leite que vão para a merenda escolar", acrescenta o supervisor da Embrapa.
O município cearense que está sendo beneficiado com a distribuição é Quixeramobim, que recebe cota diária de 500 litros. A produção vem dos municípios de Quixadá, Banabuiú e Choró. A distribuição também atende outros municípios da Região Baixo Jaguaribe, como Quixeré, Limoeiro do Norte, São João do Jaguaribe e Russas. "Após a implantação do Leite Fome Zero (com leite de cabra) em todos os municípios previstos, a quantidade total do leite para consumo do público-alvo será de 2.800 litros leite/dia para o ano de 2010."
A diversificação de produtos à base de leite de cabra também avança no Nordeste. A Embrapa/CE acaba de lançar, por exemplo, o queijo probiótico e o defumado. "Isso estimula a renda de produtores rurais e, ao mesmo tempo, desenvolve novos queijos de leite de cabra com uso de frutas e ervas da caatinga", diz Alves.
A matéria é de Rosangela Capozoli, publicada no Jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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