A declaração de Obama foi uma resposta à cobrança da presidente Dilma Rousseff, com quem esteve reunido durante todo o sábado. Durante o encontro, Dilma pediu o fim de barreiras protecionistas a setores produtivos da economia americana, como condição para intensificar relações comerciais entre os dois países. Em declaração conjunta à imprensa no Palácio do Planalto, Dilma citou setores como o de biocombustíveis, especificamente o etanol, exportação de carne, algodão, suco de laranja e aço, produtos brasileiros que precisam enfrentar sobretaxas para entrar nos Estados Unidos.
O Brasil e os Estados Unidos travam várias disputas comerciais em decorrência das barreiras impostas pelo governo norte-americano a vários produtos nacionais. A presidente defendeu o equilíbrio das relações comerciais numa referência ao déficit que há na balança brasileira em relação ao intercâmbio comercial com os Estados Unidos.
De 2000 a 2010, a balança comercial entre o Brasil e os Estados Unidos passou de um superávit em favor do Brasil de US$ 290 milhões para um déficit de mais de US$ 7,7 bilhões, de acordo com dados consolidados no ano passado pela área econômica. No discurso deste domingo, Obama não mencionou detalhes sobre os esforços feitos para resolver a questão e nem citou o problema do déficit.
Sábado, Dilma disse que está preocupada com os "feitos agudos gerados pelas crises recentes", mas que reconhece os esforços feitos pelo presidente Obama para dinamizar a economia norte-americana, abalada pela crise dos últimos anos. "Somos um país que se esforça para sair de anos de baixo desenvolvimento. Por isso buscamos relações comerciais mais justas e equilibradas. Para nós, é fundamental que sejam rompidas as barreiras que se erguem contra nossos produtos", defendeu a presidente Dilma.
O tom do discurso foi classificado pela própria presidente como de franqueza. "Se queremos construir uma relação de maior profundidade, é preciso também com a mesma franqueza tratar de nossas contradições", argumentou Dilma, que chegou a falar da necessidade de apreender com os erros, ao tratar da necessidade de reforma dos fóruns internacionais. "Preocupa-me igualmente a lentidão das reformas nas instituições multilaterais que ainda refletem um mundo antigo."
Dilma citou a ampliação da participação de países emergentes como o Brasil no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI), mas ressaltou que foram mudanças limitadas e tardias, se olhadas sob o contexto da crise econômica. A presidente afirmou que o pleito do Brasil de ter assento permanente no Conselho de Segurança das Organizações das Nações Unidas (ONU) não é movido pelo interesse menor da ocupação burocrática dos espaços de representação.
"O que nos mobiliza é a certeza de que um mundo mais multilateral produzirá benefícios para a paz e harmonia entre os povos. Mais ainda, senhor presidente, nos interessa aprender com os nossos próprios erros", afirmou Dilma. "Foi preciso uma gravíssima crise econômica para mover o conservadorismo que bloqueava as reformas das instituições financeiras", ressaltou.
A reportagem é do Jornal do Comércio, resumida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
Luiz Henrique da Silva Mussio
Lins - São Paulo - Frigoríficos
postado em 21/03/2011
Infelizmente o discurso e a intenção de qualquer presidente norte-americano esbarra no protecionismo de seus representantes politicos.