O objetivo não é apenas adequar-se à lei, mas, com isso, obter também acesso a novos mercados. O oeste baiano é o sexto maior produtor de soja do país em área plantada e o segundo em algodão, atrás de Mato Grosso.
Para ambientalistas e alguns setores do governo, trata-se ainda de salvar uma porção significativa de vegetação nativa do Cerrado. O bioma é considerado berço de bacias hidrográficas vitais, como a do São Francisco, cada vez mais ameaçado pelo desenvolvimento desenfreado.
O arranjo institucional teve início em julho de 2008, com o mapeamento por satélite de Riachão das Neves, Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, São Desidério, Jaborandi, Correntina e Cocos. As imagens de alta definição, analisadas por especialistas da Universidade de Brasília (UnB), foram importantes para responder à primeira das questões fundiárias, o uso do solo.
"Não tínhamos um grau de detalhamento de imagens. E, sem isso, não conseguimos saber o passivo ambiental das propriedades e fazer a sua regulamentação", diz Adolfo Dalla Pria, especialista em agronegócio e conservação da The Nature Conservancy (TNC), organização ambiental parceira do projeto.
O mapeamento atestou cientificamente o que, até então, era apenas percepção empírica dos ambientalistas: ainda há um vasto território preservado no oeste baiano. Nada menos que 65% da área analisada representa vegetação nativa.
A adequação ambiental se tornou a "salvação" para os produtores do oeste baiano, diz Sergio Pitt, vice-presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). Em dezembro passado, a região foi palco da Operação Veredas, da Polícia Federal e do Ibama, que embargou 57 mil hectares de terra, além de multas, apreensão de máquinas, caminhões e soja.
As irregularidades, em grande parte, se deviam a desmatamentos legais (dentro dos 80% permitidos) mas sem autorização. Os produtores afirmam que aguardaram anos por permissão de supressão vegetal, mas não obtiveram por falta de infraestrutura do Ibama. "Passaram-se três, quatro anos e nada. Então os produtores abriram áreas, enquanto aguardavam protocolos" , diz Pitt.
Na briga, a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) da Bahia, à qual também cabe a fiscalização, faz um mea-culpa. "O Estado não conseguiu acompanhar a expansão do agronegócio", diz Marcos Ferreira, superintendente de floresta da Sema. "Agora, temos de tratar isso de forma estratégica".
O imbróglio culminou com uma nova lei, nº 11.478, do mês passado, que prevê a regularização e o abatimento de até 90% das multas determinadas na Operação Veredas. "O acordo é a salvação", repete Pitt. "Sem ele, não há licença ambiental, financiamento e nem quem compre nossa produção".
A matéria é de Bettina Barros, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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