"Se o consumo dos chineses expandir demais, pode faltar matéria-prima no Brasil. Ninguém aqui tem cacife para pagar mais pelo farelo", disse o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Indústrias de Alimentação Animal, Ariovaldo Zani.
Zani teme que o apetite chinês por soja em grãos também se reflita num aumento das exportações do farelo, apesar de a China demonstrar tradicionalmente um interesse em comprar o grão para esmagar em seu amplo parque industrial. "A soja é uma pedra que está sempre no nosso sapato. A oferta está muito apertada com o consumo", disse o executivo.
O ano de 2014 começa com estoque de 793 mil toneladas de farelo no Brasil, menor volume em pelo menos 10 anos, segundo série histórica compilada pela Abiove, associação que reúne as empresas esmagadoras e exportadoras.
O Brasil está colhendo uma safra recorde de soja, de 87,6 milhões de toneladas, segundo a Abiove, mas que pode chegar a 90 milhões segundo diversas consultorias, o que representaria um aumento de quase 10 por cento no volume da oleaginosa. Mas cerca de metade da produção terá como destino o mercado externo. Por outro lado, o esmagamento no país crescerá numa velocidade bem menor este ano, cerca de 5 por cento, atingindo 28,2 milhões de toneladas de farelo. A maior parte deste crescimento irá para a exportação, segundo a Abiove.
Pressionadas por entraves tributários, as indústrias de esmagamento de soja no Brasil pararam de investir e, em 2013, reduziram o uso de sua capacidade instalada. A ociosidade no setor chega a 40 por cento, segundo a Abiove. No ano passado, pela primeira vez o país exportou mais grãos do que processou internamente, situação que deve ser mantida em 2014.
Os preços do farelo de soja na bolsa de Chicago estão cerca de 2 por cento acima do registrado um ano atrás, apesar de a matéria-prima estar quase 11 por cento mais barata na mesma comparação. No Brasil os preços do farelo subiram bem mais, por conta da desvalorização do real ante o dólar.
O farelo de soja foi negociado ontem (06) em Campinas (SP) a 1.022 reais por tonelada, cerca de 15 por cento acima do valor registrado um ano atrás, segundo levantamento do Cepea. Neste mesmo período de um ano, o dólar valorizou-se mais de 20 por cento ante o real.
Zani lembra que as indústrias de rações ainda estão recuperando-se de um 2012 de prejuízos causados por uma alta nos preços dos grãos. Em 2013, as empresas recuperaram margens, mas o volume de produção deve crescer pouco, ou nada, em 2014. Neste cenário de ajustes, o ano de 2013 foi de estabilidade no volume produzido pelas indústrias.
Os números do ano passado ainda estão sendo contabilizados, mas Zani projeta manutenção do volume de 63 milhões de toneladas produzidas, com possibilidade de redução, após uma queda nas compras das indústrias no final do ano.
O milho, principal insumo da ração animal, apresenta um cenário mais tranquilo que o do farelo de soja, disse o executivo do Sindirações. Os preços no mercado interno estão em patamares confortáveis em função de mais uma safra abundante no Brasil, apesar de o câmbio evitar uma queda mais acentuada nos preços pagos pelo cereal, disse Zani.
As informações são da Reuters, resumidas pela Equipe AgriPoint.
Roberto Jank Jr.
Descalvado - São Paulo - Produção de leite
postado em 07/02/2014
Se o governo não quiser assistir rupturas nas cadeias de leite, frango, ovos e suínos, esse assunto da tributação às moageiras tem que ser resolvido.
Existe um constante e inexplicável prêmio do mercado doméstico no preço do farelo de soja, sempre superior à cotação de Chicago. É difícil entender porque isso acontece.
Mas certamente nos afeta, infelizmente, negativamente.