O relator especial Olivier de Schutter disse também que a recente cúpula alimentar da ONU em Roma não discutiu o domínio dos mercados globais por grandes corporações do agronegócio.
"Talvez seja em abril de 2010, talvez em abril de 2011, mas teremos uma nova crise dos preços de alimentos porque as causas diretas da alta de 2008 ainda estão aí", disse Schutter.
"Já há indícios porque os preços do petróleo estão subindo e eles estão estreitamente ligados aos preços das commodities agrícolas. Assim que o grande produtor estiver em dificuldade, a especulação vai se estabelecer", disse ele.
Ele disse que fundos de investimentos em commodities investiram pesadamente em mercados futuros agrícolas no final de 2007, e que a isso se seguiu uma onda de apostas especulativas na manutenção da alta dos preços alimentícios. Isso contribuiu para levar os preços alimentares a altas recordes no ano passado, até que a bolha especulativa estourasse em meados do ano.
Um aumento na produção e uso dos biocombustíveis, que empregam produtos agrícolas como matéria-prima, também foi determinante para encarecer os alimentos e as terras, disse ele.
De Schutter disse que a declaração da cúpula de Roma foi fraca a respeito desses assuntos. Ele citou reservas de commodities e quotas para biocombustíveis como possíveis medidas para manter os preços sob controle.
Sobre as grandes empresas do agronegócio, ele disse que elas operam "sem qualquer tipo de controle e com níveis frequentemente altíssimos de concentração, o que representa uma séria falha do mercado".
"Pequenos produtores, se quiserem entrar na cadeia global de fornecimento, enfrentam um número minúsculo de atores que têm uma posição dominante no mercado e podem basicamente ditar os preços", explicou.
Os pequenos produtores não têm escolha, senão por intermédio dos grandes compradores de commodities, dos grandes processadores de alimentos, dos grandes varejistas, para terem acesso a este mercado de alto valor, segundo ele. "Eles estão numa posição de barganha fraquíssima, e sua capacidade de obter um preço justo por sua produção é muito pequena", acrescentou.
Num fórum da ONU na semana passada, que buscou atrair o apoio do setor privado para o combate à fome, grandes empresas do setor agroalimentício disseram já investir milhões de dólares no desenvolvimento da agricultura sustentável, de modo a assegurar uma oferta confiável, custos mais baixos e maior presença em novos mercados.
Essas empresas, entre elas Nestlé, Cargill, Bunge e Unilever, disseram que tais investimentos não são caridade, e sim parte da sua estratégia de negócios.
A matéria é de Silvia Aloisi, publicada no Estado Online, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
Marco Antonio Ribeiro Magalhães
Taguatinga - Tocantins - Consultoria/extensão rural
postado em 19/11/2009
É muito preocupante o atual cenário. Em outra reportagem do AgriPoint, tomamos conhecimento do interesse e do grande número de estrangeiros querendo e comprando nossas terras. São fundos de pensão e empresas do agro-negocio nesta reportagem citadas. Com certeza se não for tomada nenhuma medida que freie este movimento de concentração de dominio sobre a cadeia alimentar, nós vamos pagar o pato.
Marco