Segundo a FAO, a produção dos principais exportadores de carne ovina, como Austrália e Nova Zelândia, não se recuperarão durante 2010. Frente a essas restrições de oferta, encontra-se uma demanda da Ásia, sobretudo, do Oriente Próximo que, por razões culturais, permanece firme e inalterável às variações de preços.
Desde 2009, a Austrália e a Nova Zelândia, que concentram 90% das exportações mundiais, estão em um processo significativo de redução de seus estoques. Uma das principais causas na Nova Zelândia é a competição pelo solo a partir da expansão do setor leiteiro e florestal, que estão deslocando com suas rendas a produção ovina e deixando o estoque nos níveis mais baixos dos últimos 40 anos. Na Austrália está ocorrendo um processo de retenção de animais. A queda da oferta de animais adultos na Austrália hoje está na ordem de 26%, disse Carlos Salgado, analista do Secretariado Uruguayo de la Lana (SUL). Do lado da demanda, Salgado concorda com a FAO ao dizer que o componente religioso que impulsiona as compras de carne ovina por parte do mercado do Oriente Médio mantém inalterável o interesse pelo produto, mesmo com as flutuações de preços.
Para o Uruguai, o Oriente Médio foi um dos motores das exportações de carne ovina até agora. Enquanto as exportações baixaram em termos globais, as colocações no Oriente Médio duplicaram. Isso evidencia um desvio comercial a esse mercado, inclusive sacrificando o cumprimento da cota com a União Europeia (UE).
O Uruguai tem uma cota de exportação de carne ovina com tarifa zero na UE de 5.800 toneladas e, no primeiro semestre de 2010, as vendas a esse mercado foram 1.000 vezes menores do que no mesmo semestre de 2009. Embora o Uruguai sempre tenha cumprido com essa cota está sendo notada uma lentidão nesse comércio devido às boas condições do mercado do Oriente Médio. Segundo dados do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC), o preço médio de exportações de junho aos Emirados Árabes foi de US$ 4.200 a tonelada, enquanto que na Europa o preço é de US$ 4.000. A diferença, disse Salgado, é que para a UE se vende somente carne desossada, enquanto para o Oriente Médio vai toda a carcaça.
A reportagem é do El Telégrafo, traduzida e adaptada pela Equipe FarmPoint.
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