A Sociedade Rural Brasileira (SRB), segundo sua assessoria de imprensa, considerou que a agricultura ficou em segundo plano no PAC. Segundo o presidente da SRB, Cesário Ramalho, o programa não traz nenhuma medida direta para o setor agrícola. "A agricultura é o segmento que mais contribui para a economia do país, mas foi desprestigiado no PAC", ressalta.
Para Ramalho, o setor poderá se beneficiar dos resultados dos investimentos em infra-estrutura - que ficaram aquém do necessário -, bem como da proposta que quer definir claramente a competência de estados, municípios e União sobre a legislação ambiental. "Porém, são medidas de médio e longo prazo, além de modestas se comparadas aos benefícios que a agricultura proporciona na geração de emprego e renda para o país."
Na avaliação de Ramalho, o governo tem que construir um cenário econômico mais favorável ao desenvolvimento das parcerias-público-privadas, já que conta com o capital privado para alavancar recursos para tocar os projetos de infra-estrutura. De acordo com o presidente da SRB, uma legislação ambiental menos complexa também pode colaborar para o início de um processo de desburocratização de licenças para realização de obras e projetos agrícolas.
Segundo o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, citado em notícia do jornal gaúcho Correio do Povo, "o pacote deveria, ao menos, privilegiar o segmento, com pontos cruciais como armazenagem nas propriedades". Quanto aos juros, ele destaca a necessidade de encarar a diferença da alíquota dos contratos agrícolas, que "é de 8,75% desde que a Selic estava em 24%".
Para o secretário-executivo da Fetag, Elton Weber, no entanto, o programa também deveria ter demonstrado preocupação com outras questões como a garantia com preços mínimos, compatíveis com os custos de produção e a ampliação do seguro agrícola para quem planta com recursos próprios.
O ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, Roberto Rodrigues, segundo matéria do jornal O Estado de S. Paulo, também considerou que o agronegócio pode se beneficiar dos efeitos indiretos de outras medidas, como investimentos em infra-estrutura logística. Ainda assim, lamentou a falta de medidas diretas.
Segundo Rodrigues, a redução da TJLP e do spread do BNDES também apontam para uma diminuição do custo do dinheiro, e espera-se que isto tenha um efeito residual para a melhoria da taxa de câmbio, no prazo mais longo.
Rodrigues ainda considera que a melhoria da renda de trabalhadores urbanos, com as medidas anunciadas a outros setores (entre os quais a agricultura foi excluída), como a construção civil, poderá contribuir indiretamente, pela ampliação da demanda por produtos agrícolas. Mas reitera que lamenta "o fato de não haver nenhuma medida diretamente relacionada com o maior setor da economia brasileira".
De acordo com matéria do Globo Rural, na área agrícola o pacote promete investimentos em agroenergia, como a instalação de 123 novas usinas de álcool e biodiesel, e também em irrigação: R$ 1,5 bilhão deve ser usado para revitalizar as bacias dos rios São Francisco e Parnaíba. A transposição do São Francisco deve receber R$ 6 bi para as obras.
O principal ponto do programa para a agricultura está ligado à logística. O governo pretende gastar cerca de R$ 58 bilhões até o fim do mandato, em 2010; R$ 13 bi só neste ano para melhorar estradas, portos e ferrovias. "Na medida que este plano prevê um volume significativo de recursos para a melhoria da infra-estrutura de transportes, tanto ferroviário quanto rodoviário, hidroviário e nos portos, o impacto será altamente positivo sobre a agricultura", avalia o ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, na matéria do Globo Rural.
Louis Pascal de Geer
Barretos - São Paulo - Consultoria/extensão rural
postado em 23/01/2007
Fica cada vez mais claro que para a administração do governo falta experiência e tecnologia empresarial. Se o Brasil fossa uma empresa S/A, cada estado tinha feito um orçamento junto com os ministérios e no orçamento global para o país a visão do governo seria transparente sobre todos os pontos críticos, como política fiscal, cambial, tributária, investimentos e crescimento sustentável baseados em necessidades estaduais.
Para ver os governadores em Brasília ouvir um discurso na qual não tiveram ainda uma participação significativa, lembre a falta de democracia econômica e político ainda fortemente presente no Brasil.
O que o governo pelo jeito ainda não entendeu é que o corte nas despesas publicas na verdade e em primeiro lugar quer dizer o corte de desperdício do dinheiro publico com o qual cada governante responsável tem que compactuar com todo vigor.
A Agricultura sem dúvida será beneficiada pelas medidas no campo de agroenergia e infra-estrutura, mas precisa investir para valer em pesquisas porque senão corremos o risco de investir em áreas onde o progresso pode avançar muito e com custos relativamente pequenos.
Na verdade a dedicação e a pesquisa merecem aparecer na primeira pagina.