A demanda desse grupo é impulsionada por aumento da renda per capita e pela urbanização, reforçada pelo crescimento populacional que é duas vezes maior do que nos países desenvolvidos.
A tendência é de um aumento no consumo de produtos como carnes e alimentos processados, o que deve favorecer os produtores de bovinos e frangos. Com uma classe média em expansão, o consumo de alimentos nos países em desenvolvimento deve depender menos de mudanças no preço e na renda.
Nesse cenário, segundo a FAO e a OCDE, os preços médios das commodities projetados para os próximos 10 anos devem ficar acima dos níveis anteriores ao pico de alta de 2007-2008. As cotações de trigo e grãos podem subir entre 15% e 40%. Os preços das carnes em termos reais devem superar a média de 1997-2006 em decorrência da menor disponibilidade, maior custo de ração para os animais e maior demanda.
A recuperação econômica vai ampliar o consumo de carnes, sobretudo nos países em desenvolvimento. As mais beneficiadas serão proteínas mais baratas como carne de frango e carne suína. Para os lácteos, as instituições estimam alta de preços, em termos reais, entre 16% e 45% - a maior valorização será na manteiga.
Em praticamente todas as commodities, as importações e as exportações dos países em desenvolvimento deverão superar as dos ricos. Apenas a exportação de farelo de proteína crescerá mais rápido nos países da OCDE até 2019.
Por outro lado, o relatório mostra que os países desenvolvidos continuarão a dominar as exportações de trigo (52% do total mundial), grãos forrageiros (59%), carne suína (80%), queijo (63%) e leite em pó (66%). Contudo, países em desenvolvimento continuarão como líderes na exportação de arroz (88% do mercado mundial), oleagionosas (56%), farelo de proteínas (80%), óleos vegetais (91%), carne bovina (57%) e frango (63%).
Ainda no que diz respeita à produção, a FAO e a OCDE estimam que a maior parte da expansão da oferta mundial de oleaginosas, como soja, estará concentrada no Brasil, Estados Unidos e Argentina. Os EUA devem continuar a ser o maior produtor global, mas quase 70% do aumento das exportações virá do Brasil, elevando de 26% para 35% sua fatia no comércio mundial até 2019. Nesse ritmo, o país poderá se tornar o maior exportador mundial de oleaginosas em 2018, superando os EUA.
No caso do etanol, quase 40% do aumento da produção deve vir de maior oferta a partir da cana-de-açúcar, sobretudo do Brasil, para atender o mercado doméstico e a demanda dos EUA.
Outro segmento em que o Brasil pode aumentar sua presença é nas exportações de lácteos, diz o documento. A produção de leite deve crescer 2,3% ao ano, em razão do incremento da produtividade e investimentos.
O país também deve seguir como o segundo maior exportador mundial de farelo. A projeção é que as vendas externas brasileiras aumentem quase 20%, mesmo com o maior consumo doméstico.
O relatório mostra também que os níveis de subvenção agrícola nos países emergentes monitorados pela OCDE tendem a aumentar, mas continuam muito abaixo dos bilionários subsídios da maioria dos países desenvolvidos. No Chile, por exemplo, é de 4%, e na Rússia, de 14%.
Já nos países ricos, a ajuda vinculada ao tamanho da produção alcançou US$ 250 bilhões em 2008, derrubando preços internacionais e gerando concorrência desleal. Os campeões de subsídios são os EUA e a União Europeia, com 30% e 40% do total respectivamente, o que resulta em acúmulo de oferta e derrubada dos preços mundiais. No Japão e na Coreia do Sul, 90% da subvenção são também vinculados à produção.
A reportagem é do Jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.
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