Num documento que envolve o futuro da agricultura global, não havia menção ao termo "subsídios agrícolas". Isso contraria a posição brasileira, da Índia e de outros emergentes que consideram que as subvenções bilionárias concedidas pelos países ricos a seus agricultores afetaram duramente a capacidade de produção das nações em desenvolvimento nos últimos trinta anos.
O documento será tema da reunião do G-8 que começa hoje em Áquila, na Itália. Além de procurar garantir segurança alimentar para um bilhão de pessoas famintas, a comunidade internacional precisará quase dobrar a produção de cereais para alimentar a população global de mais de 9 bilhões de pessoas em 2050.
Em julho de 2008, o G-8 conclamou os países com estoques de alimentos a distribuir parte das reservas aos países em crise alimentar. Agora, a ideia vai mais longe. Abre-se a discussão sobre a criação de estoques de alimentos. O Japão, maior importador mundial, é um dos maiores defensores. Parlamentares nos EUA já sugerem a localização regional dos estoques. A França também tem sido firme na defesa do mecanismo, estimando que ajudará no combate a especuladores nos mercados de commodities. Já o Brasil vê a ideia com desconfiança e teme que os grandes produtores acabem por pagar a conta. Especialistas ouvidos pelo Valor acreditam que a proposta pode evitar disparadas de preços, mas é de difícil execução.
O foco da ajuda dos países ricos está mudando, passando de ajuda alimentar para assistência financeira à produção nos países pobres, incluindo a agricultura familiar. A ambição, no papel, é que as nações desenvolvidas se comprometam a elevar a ajuda oficial para a agricultura de 3% da assistência total para 17%. Isso significaria passar de US$ 3,6 bilhões para US$ 20 bilhões por ano.
A matéria é de Assis Moreira e Patrick Cruz, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada pela Equipe AgriPoint.
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