“Saudações amigos criadores! Estou debutando na ovinocultura, pois tenho maior vivência na criação de bovinos, e em função disso, ainda não possuo uma opinião ampla e abalizada sobre as nuances mercadológicas dessa atividade no Brasil. Porém, já carrego certa preocupação com relação à resistência de consumo, principalmente, por parte do público feminino cearense e, no nosso Estado, geralmente, são as mulheres que vão aos supermercados adquirir os gêneros alimentícios domésticos, fazendo com que a carne ovina seja a preterida no rol de opções existentes nas gôndolas, razão pela qual, não há tanta oferta como a de outras espécies.
Comentam que os motivos são de ordem cultural (redução do status é um dos parâmetros históricos desse grupo) e preços avultados dos cortes. Tem sido complicado reverter tal situação! Alguém tem alguma sugestão? Abraços, Fernando”.
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Octávio Rossi de Morais
Sobral - Ceará - Pesquisa/ensino
postado em 07/01/2014
Caro Fernando, sou mineiro, mas trabalho na Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral-CE. Acredito que sua observação tem bastante fundamento, mas também há um pouco de exagero. Quanto aos preços, de acordo, os cortes são muito caros, especialmente se comparados aos preços da carne ovina encontrada no interior do Estado, animais abatidos sem fiscalização. Quanto à cultura cearense, é verdade que muita gente associa a carne ovina (carne de criação) ao baixo nível social, mas isto ocorre principalmente nas camadas de menor poder aquisitivo, pois a classe média e os mais abastados já têm a carne ovina como carne especial, que disputa espaço com a picanha nos churrascos. O que ocorre talvez é que estamos num momento de transição, onde a carne ovina é desprezada por uns e super valorizada por outros. A solução, acredito, passa por uma maior profissionalização da produção e pela formalização dos mercados, mesmo que isto represente aumento do preço médio ao consumidor.